“Salve a Favela”: KondZilla e MainStreet lançam homenagem a vítimas por engano em ações policiais e reforçam debate antirracista
Com Poze do Rodo, Bielzin, Borges e MC Cabelinho, projeto nasce da união das gravadoras para jogar luz em uma realidade que atinge 18 milhões de pessoas no país, reiterando a reflexão sobre perfilamento racial.
“Salve a Favela! Respeita a nossa correria. E a nossa arma é a nossa sabedoria. E a nossa meta é acabar com essa covardia“. Através do refrão, esse é o chamado do movimento inédito entre KondZilla e MainStreet Records.
Da parceria entre as gravdoras nasce “Salve a Favela”, para jogar luz em uma questão urgente, grave e, infelimente, rotineira. São 18 milhões de moradores de favelas do Brasil e, todos os dias, pessoas inocentes, a maior parte delas pretas, acabam mortas de forma covarde e por engano durante operações policiais.
Nos casos reais retratados no clipe de “Salve a Favela”, jovens e trabalhadores são confundidos com criminosos portando armas de fogo quando. Na verdade, eles carregavam apenas objetos inofensivos como guarda-chuva, ferramenta, celular e livro.
Ao escancarar a realidade, fruto do debate sobre perfilamento racial, o objetivo de KondZilla e MainStreet também é mostrar união da cena diante de uma causa tão urgente e aparentemente distante de uma solução. Bem como convocar a sociedade a ouvir o pedido de socorro das comunidades em prol de corpos pretos e periféricos que são mortos diariamente, deixando rastros de dor e medo.
Poze do Rodo, Bielzin e Borges estão em “Salve a Favela”
Para dar voz e rosto a “Salve a Favela”, estão alguns dos nomes mais icônicos dos gêneros trap e funk da atualidade. São eles Poze do Rodo, Bielzin, Borges e MC Cabelinho. Nascidos e criados em favelas do Rio de Janeiro, vivenciando essa realidade de perto, todos foram responsáveis pela composição e interpretação da música.
“Para nós, ‘Salve a Favela’ tem uma relevância gigantesca, além de ter sido um grande desafio. Infelizmente, estamos falando de um tema cotidiano e fazer isso através do rap já nos faria cair num clichê por si só. Por isso, buscamos uma nova forma de apresentar o tema e, de fato, comover a audiência. O projeto é diferente porque, além de ser um grito clamando por atenção para casos reais, ele nos conduz ao conhecimento, passando pela revolta e desaguando num chamado à justiça, com uma atitude prática, exigindo ao STF uma mudança na lei de excludente de ilicitude. Algo precisa ser feito, e ninguém está olhando para isso”, exalta Lucas Lang, sócio e fundador da MainStreet.
Videoclipe tem atuação de André Ramiro, além de moradoras e artistas amadores de favelas
Com quase sete minutos, o audiovisual assemelha-se a um curta-metragem. As cenas são baseadas nas histórias reais das vítimas, crias de comunidades periféricas do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.
No elenco, destaque para a participação especial do ator André Ramiro que, após 16 anos, aceitou fazer novamente o papel de um policial e vestir farda. Ramiro viveu nos cinemas o emblemático policial André Mathias, nos filmes Tropa de Elite 1 e 2, ganhando protagonismo com o personagem de boa conduta profissional e ‘antissistema’. Nesse contexto, em ‘Salve a Favela’, o ator, que também é rapper, fez questão de roteirizar suas falas para ajudar a reforçar o lado humanizado.
Ao lado de André Ramiro, moradores e artistas amadores de escolas de teatro das comunidades representam 60% do casting do filme. Eles encenam suas próprias realidades, contribuindo ainda mais para o resultado final.
A direção é de Rafa Damy, em parceria com Gabriel Zerra, responsável por mais de mil clipes da KondZilla, e Gabriel Pinheiro, ambos nascidos e criados na periferia. O filme “Salve a Favela” ainda conta com a ‘codireção’ de diversos moradores do Alemão, que acompanharam de perto todas as cenas.
Com linguagem cinematográfica e visceral, o objetivo da produção de “Salve Favela” é mostrar a vida como ela é para uma significativa parcela da população brasileira. Já disponível no canal da Kond no YouTube.
Salve a Favela
Ajude a salvar a favela e contribua para ecoar esse pedido de socorro. Acesse www.salveafavela.com.br, veja as histórias reais de algumas das vítimas e conheça a ADI 5032. Trata-se de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, apresentada pela Procuradoria-Geral da República ao STF (Supremo Tribunal Federal), em 2013. A ação segue em trâmite até hoje, pedindo para que crimes cometidos por agentes das Forças Armadas durante o exercício de suas atividades, em operações de garantia da lei e da ordem (GLO) e de combate ao crime, sejam julgados pela Justiça Comum e não pela Justiça Militar.
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