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Entrevista Exclusiva com Salaga: “fiz do ódio, meu maior combustível”

Ele é novato nas páginas de notícias do rap (ainda), mas o talento e a vivência já o tornam um grande exemplo – mesmo. Aos 25 anos, Salaga foi descoberto pela OQ Produções e, além do recente trabalho solo “Tava Esquecido”, já está prestes a lançar “Neguin Favelado” em parceria com um dos mais renomados artistas da cena, Edi Rock, confirmado para 7 de outubro.

Salaga conta que o feat. aconteceu da forma mais natural e inesperada.

“Até sonhei em um dia poder gravar com o Edi Rock, mas não esperava que fosse logo agora, pra mim era um sonho distante. Colei pra gravar uma com Kalfani, ele curtiu o som e disse que estava a cara do “Edi”. Como isso nem passava na minha cabeça naquele momento, perguntei: que “Edi”, mano?  E ele respondeu: o Edi Rock! Eu me surpreendi, até como eu citei, achava meio distante disso acontecer. Então, Kalfani mandou pro Edi Rock, ele curtiu, deu uns dias, e mandou um áudio no Whatsapp já rimando (risos). Quando eu vi, o som já estava pronto! Tudo de forma natural, trabalhando duro e dando o meu melhor, tudo acontece quando tem que acontecer”, conta o artista.

Salaga e Edi Rock nas gravações do clipe de “Neguin Favelado” Foto Tamires Damas

Natural de Jardim Capela, em São Paulo, mas radicado no Vale do Sol, em São José dos Campos, ele traz da periferia todos os sentimentos que coloca no papel.

“Eu nunca me senti capaz de nada, quem vem de quebrada, sabe como é, a gente até sonha alto, mas as circunstâncias nos forçam a nos contentar com o pouco. E isso é umas das coisas mais frustrantes que existe, o ódio toma conta e é aí que mora o perigo! Você saber usar esse sentimento de ódio como motivação é um aprendizado muito foda. Usei esse sentimento do jeito ruim por um tempo, mas, graças a Deus, aprendi usar isso de forma positiva. Tornar algo ruim em incentivo e motivação. Fiz do ódio meu maior combustível, relembra o artista que teve certeza do caminho a seguir ao ouvir “A Vida é Desafio”, dos Racionais.

O Rap Dab trocou uma ideia exclusiva com o Salaga. E traz abaixo mais detalhes sobre os planos de carreira do MC que é apontado como aposta do trap nacional pela OQ Produções, conhecida por revelar talentos como Kawe, Kayblack e FK. Confira!

Com que idade você começou na música?

A primeira música que escrevi eu tinha 11 anos, lembro dela até hoje. Cheguei até cantar em quermesses da quebrada onde nasci, mas era só diversão, não era uma coisa que eu via pra mim. Até porque eu nunca consegui me ver na música, nunca me senti capaz. Então, desde sempre eu gostei de música, mas decidi que queria isso pra minha vida com 17 anos.

Você lembra qual o primeiro rap/trap que você escutou e te fez pensar “nossa eu quero fazer isso”?

Como eu sempre gostei de música, tudo que eu ouvia eu pensava “nossa eu quero fazer isso”. Meu pai, Juvenal (59), é nordestino, então cresci ouvindo muito forró, e eu pensava: eu quero fazer isso! Meu tio, Marcelo (46), queria ser DJ, me apresentou o rap e eu pensava “eu quero fazer isso”. Meu irmão, Diego, tinha grupo de pagode, eu pensava “quero fazer isso”. Depois veio o funk e eu pensava a mesma coisa, mas como eu disse, sempre por diversão, eu achava legal, mas não me achava capaz. Até que a música “A Vida é Desafio” dos Racionais me fez querer realmente.

Quem são suas referências no rap?

Como foi meu tio que me apresentou o rap, tenho como inspiração os caras mais das antigas como Racionais, Facção Central, Trilha Sonora do Gueto, 509E, Ao Cubo, A Família, Realidade Cruel, Sabotage, 2pac, Notorious Big, Kanye West. Depois que eu conheci Djonga, Ret, Sant, Dalsin, Kayblack, Kawe, Vulgo FK e outros artistas que curto muito também.

E fora da música?

As minhas maiores referências são minha família! Porque é uma história de superação e força  que eu conheço de perto. Por muitas coisas que vi e presenciei, eles são minhas maiores referências. Eu sei de onde eles vieram, sei onde eles estão e procuro estar sempre perto pra ver aonde eles vão chegar! Sempre com humildade, bondade e honestidade. Eu amo e admiro cada um da minha família, todos tem um pouco para ensinar. Cada um tem a sua qualidade, e eu busco sempre em aprender algo com todos eles.

De que forma sua vivência reflete no seu som?

Eu preciso incentivar, falar pros menor coisas que precisava ouvir e não ouvi. Como sonhe alto, mano! As circunstâncias não definem você, você é do tamanho do seu sonho. Ensinar os menor a usar o todo esse ódio e revolta de maneira certa, pra que eles não cometam os mesmos erros que eu, que muitos dos meus parceiros cometeram e hoje não estão mais aqui pra conta história! Eu já me senti incapaz também, mas a cada dia que passa nois tá aí, provando pra tudo, pra todos e principalmente pra mim que nois é capaz sim! Vitória é pra quem luta e persiste, não é pra quem quer, é necessário querer, claro. Mas só querer é muito pouco. Lute, persista e conquiste, você é capaz sim!

Como rolou sua parceria com OQ? Quem da produtora descobriu o seu trabalho mano?

Essa parceria ocorreu de forma natural também. Eu e o Toepper, meu produtor, estávamos trabalhando num EP de love song, e tivemos umas ideias fodas de clipe, imagem. Então, marcamos uma reunião com o Jean Furquim, que sempre acreditava nos nossos trampos. 

Mostramos os trampos, ele curtiu e perguntou sobre os traps e tal. Aí mostrei alguns, ele curtiu e mandou para os caras da OQ, e já era! Então na verdade, fomos lá para mostrar um trabalho e acabou com os caras da OQ curtindo todas e fechando essa parceria.

Por falar em trap, como você avalia o cenário do trap nacional?

Vejo o trap nacional muito forte! A indústria está olhando cada vez mais pro trap, né? Então, acredito que está caminhando muito forte cada dia que passa, abrindo varias portas, muito foda! Nomes novos sempre aparecendo, colaborações que a gente nunca imaginou. Vejo um cenário em evolução e bastante diversificado no momento.

E como você, Salaga, se enxerga nesse cenário?

Vejo que vou chegar forte nesse momento do cenário. Como está bem diversificado, acredito que vou conseguir mostrar toda minha versatilidade. Eu gosto de escrever de tudo, e quero sempre surpreender geral mostrando esse meu lado artístico, de não me prender só no mesmo estilo e sempre carregar a minha essência.

O que mais além dessa com o Kalfani e o Edi Rock, você pode adiantar? Pode?

Tem algumas que já posso sim (risos). Parceria com Kawe e Vulgo FK já estão confirmadas. Por enquanto é isso (risos), mas aguardem novidades! 

Salaga, DJ Kalfani e Edi Rock em estúdio / Foto: Tamires Damas

Veja também: Coletivo feminino de hip hop Fenda faz um desabafo violento, com o single “Tenta”

Salaga, você tem mais alguma informação que acredita ser importante acrescentar?

Quero agradecer a vocês pela atenção que sempre me deram. Agradeço toda a equipe da OQ produções, minha equipe, toda minha família e geral que curte meu trampo. E avisar a galera aí para acompanhar mesmo, que vamos chegar forte e surpreendendo geral aí!

Se você ainda não conhece o trabalho do Salaga, confira abaixo o videoclipe “Tava Esquecido”, lançado há cerca de um mês no canal da OQ Produções e com produção musical feita por DJ Kalfani:

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Mateus Araújo

CEO do Portal Rap Dab, uma mídia focada na cultura Hip Hop e cultura de rua. Respeito é a base de tudo!

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