Manos e minas que são independentes, estudem e enalteçam o Rap Nacional
"O negócio é a luta e estudar o que está fazendo", comentou Mano Brown. Precisamos realmente enaltecer o Rap Nacional, você ama o Hip Hop?
Não é de hoje que vemos novos Mc’s Independentes surgirem no cenário do Rap Nacional, embora muitos dos artistas que ainda não tem verba e reconhecimento consigam lançar trabalhos com alto nível técnico, sendo sonoramente ou visualmente falando. Não é fácil conseguir contatos de bons profissionais, ainda mais em seu início e precisando envolvendo várias partes de uma música.
Nem todos os Mc’s conseguem facilmente com seus amigos próximos, o contato dos designers para fazer a capa do seu álbum e muito menos de um produtor para o instrumental, ou alguém que trabalhe com edição de vídeo, assim ficando mais complicado de alcançar o êxito em seu projeto. Dessa forma, você que é independente precisa entender que estamos aqui para lhe ajudar, não só nós do Portal Rap Dab, mas como muitas outras mídias que representam a cultura Hip Hop. (alguns apenas curtem pequena parte do rap nacional, mas isso deixaremos para outra história)
Geralmente mídias que movimentam o cenário com notícias, lançamentos e assuntos relevantes para a cena como um todo, conseguem diariamente trocar ideias com designer’s, produtores, vídeo-maker e muitas pessoas capacitadas que estão no corre independente do RAP, assim como todos nós.
Desse modo, certamente os valores destes que também estão no seu início – são mais acessíveis para o MC independente, mas que por outro lado, o trabalho também é de alto nível; eles apenas não estão no mainstream, assim como muitos outros que mereciam estar, embora façam um trabalho excepcional, é difícil vermos a valorização de quem está por trás de uma canção, na grande maioria só sabemos quem é o cantor. (Isso abala psicologicamente muitos produtores, fotógrafos, beatmakers e criadores de conteúdo, por sua falta de valorização)
Fortalecendo o corre independente, você chega mais perto do seu sonho no Rap Nacional
Precisamos acreditar em nossas metas de vida, independente se for dar errado no final ou se vai acontecer da maneira que você não esperava, “Os moleque se inspira e quer ser eu quando crescer / Faça o melhor, porque ainda que dê errado / No fim tu possa dizer carai, eu fiz por merecer”, como disse Djonga na faixa “Deus e Família“.
Não digo que é um pecado do Mc independente ter o sonho produzir com DJ Caique, Pedro Lotto, Papatinho ou Devasto, mas digo que é necessário caminhar lentamente e trilhar a sua história dentro do rap nacional, antes de tentar alcançar produtores/criadores/Mc’s que estão há anos e já trilharam parte de sua história na caminhada.
Todos estamos no mesmo nível como ser humano, o rapper não é maior que o produtor, como o produtor não é maior que o vídeo-maker, na realidade um complementa o trabalho do outro, assim quando envolvidos em trabalhos colaborativos, alcançam o êxito e nível máximo de profissionalismo.
Por isto é importante contatarmos pessoas que estão realmente envolvidas com o que fazem, que amem a cultura Hip Hop e que buscam entregar o melhor de sua qualidade produtiva, independente do dinheiro investido e visualizações que irá alcançar. Conecte-se com os profissionais de sua escolha, porém não apenas trabalhe em busca de engajamento, a fonte de contatos é primordial para que sua carreira se torne sólida ao longo dos anos.
Romantização das mídias televisivas e silêncio dos que se dizem “fãs” da cultura
Sabemos que existem centenas de rappers que enaltecem a cultura Hip Hop e que fazem com que ela cresça cada vez mais no país (graças a Jah), mas sempre que algum novo Mc surge com alto nível de engajamento, muitos “fãs” do RAP criticam a maneira de aparecer, das produções ou de algum esteriótipo que foi imposto pela sociedade, mas que obviamente não deveria se manifestar no movimento de rua.
O exemplo claro é quando Borges lança uma música com linhas diretas, claro que com suas audácias e forma escrachada de dizer algumas palavras, mas que critica o sistema e opressão policial nos versos, mas nos comentários dos que se dizem “fãs”da cultura, tentam induzir até o último momento que à canção faz apologia, que não é a verdadeira realidade.
(vendo que estão digitando diretamente de condomínios e geralmente assistem novelas, filmes e séries. Compartilhando desprezo todos os dias para o cenário, mas sem nenhum discurso de ódio ou tentativa de “cancelamento” para o que te alimenta visualmente [alienação]).
De fato como a grande maioria procura sempre os maiores portais e os rappers com ascensão para apresentar o seu som quando lançam, com o efeito de algum fortalecimento ou divulgação free, seria mais interessante trocar ideias com outros manos e minas, que estão no corre independentes tentando crescer e fechar alguma parceria mútua, que seja de retorno próximo para ambos os lados.
Isso não significa que o Mc não deve mandar mensagens para seus ídolos do mainstream ou hype momentâneo, mas a real é que muitas das vezes, (não em todas) – o artista do mainstream está pouco se fod*** para o resto da cena.
Fortaleça para ser fortalecido, não que seja uma regra, mas de fato é um caminho a se pensar
O que realmente quero dizer para quem é independente, é que você pode chegar mais próximo do seu objetivo de uma maneira mais simples e que não lhe custaria tantos “por favores” ou “fortalece ai mano”. Se caso você queira lançar uma música, mas precisa de um produtor que cobre um preço dentro do seu orçamento, procure um profissional que ainda não tem tanto reconhecimento, que produziu alguma canção que você curti a melodia, isso serve para o vídeo-maker ou qualquer outro profissional, independente dos views que ele já alcançou.
Negocie valores justos para ambos e ajude um irmão à também chegar mais perto de realizar o sonho dele. Não podemos achar que os beatmakers ou criadores de conteúdo do cenário, são pessoas não necessitam das coisas básicas para sobreviver (alimento, higiene), a forma de ampliarmos a visibilidade de todos os que ainda não conseguiram o tal reconhecimento , é nos unirmos em formato de mercado e sermos o mais profissional que pudermos, Mano Brown já disse “O negócio é a luta e estudar o que está fazendo”.
Entenda que nenhum trabalhador (por mais que seja do Rap Nacional), é obrigado a te doar um instrumental, ou divulgar o seu novo lançamento, as coisas precisam acontecer de forma recíproca e profissional. Assim como gira o mercado da música brasileira, muitos músicos têm assessorias ou equipes de marketing por trás de seus discos, mas quem está sozinho na caminhada no momento, pode ter uma ajuda ampla em seus trabalhos buscando network, trocando ideias em comentários das mídias, dialogando sobre o cotidiano no twitter, divulgando novos mc’s e profissionais que trabalham por traz dos ‘holofotes’ que surgem semanalmente, não apenas pedindo um fortalecimento e repostando tudo de forma robótica.
O público precisa entender que você é um músico, que você é profissional, que você investe na sua carreira. Não é feio pagar para ser divulgado, muito menos pagar para receber um trabalho autentico de algum produtor ou vídeo-maker, isto significa que você acredita no seu talento á ponto de investir tempo e dinheiro em prol dele. Todos nós seres humanos, gostamos de nos sentir valorizados e queridos naquilo que apresentamos como trabalho e história de vida, então busque utilizar este pensamento recíproco, mesmo que no fundo do seu coração se for preciso e ajude o cenário do rap nacional a se consolidar cada vez mais.
São apenas palavras e opinião pessoal, você não precisa pensar de forma mútua, mas é preciso compreender
Precisamos que todos tenham voz, não apenas um, dois ou três Mc’s. Todos necessitam alcançar o reconhecimento na música, mas isto só é possível, se você fazer por merecer. Não é questão de meritocracia no RAP, mas sim de valorização de trabalhos e de todos os manos e minas que fazem o movimento acontecer.
Este desabafo em texto não é enaltecendo o trabalho das mídias, ou criticando quem não liga para a cultura Hip Hop e ainda sim ouve RAP; é mais um pedido de ajuda para que consigamos pensar de forma coletiva, assim como era dito na raiz de toda essência da cultura.
Um beatmaker, um b-boy, um artista, um dançarino, um cantor à mais na cena, é um menor a menos na rua e centenas de outros inspirados. Pense nisso!Tudo que eu digo é pelo amor ao RAP, fé nas crianças.
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