Facção Central: 20 anos depois da censura no Rap Nacional
Um dos mais emblemáticos grupos na luta pela resistência do Rap Nacional o 'Facção Central', é a nostalgia que precisamos evidenciar hoje!
Facção Central foi um dos principais grupos na luta contra a opressão governamental, seja em canções que passam a realidade periférica na visão do traficante, do bandido, da mãe que chora ao ver o filho partindo, ou no ponto de vista generalizado por todo o sistema. O grupo foi essencial para a construção de ideologia e resistência dentro das quebradas do Brasil.
Neste texto construído por nosso parceiro Lucas do @rapnossogrito, busca levar à mente do leitor informações precisas sobre a história do rap nacional, relatando sobre fatos ocorridos nos anos 90 e 2000 com o grupo Facção Central, mas que se baseadas nas experiências atuais, foram de extrema importância para o RAP ser o que ele é hoje.
Hoje (06) de agosto, comemoramos o dia do Rap Nacional. Que foi instituído por lei – aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo – o Dia do Rap Nacional. A data em reconhecimento a nossa importante manifestação cultural e artística foi estabelecida pela lei 13.201, do deputado Geraldo Vinholi (PSDB).
A mídia sempre tentou oprimir o rap nacional, mas a resistência sempre foi o nosso forte
Duas décadas atrás ocorria uma tentativa de criminalizar a arte, com o apoio da mídia televisa, após um promotor do Ministério Público encaminhar um pedido a um juiz que levou à apreensão da fita original VHS na MTV Brasil do videoclipe da música “Isso Aqui é Uma Guerra” do grupo Facção central, além da proibição da exibição do clipe na íntegra, por apologia ao crime e a violência.
Na época, o videoclipe foi amplamente criminalizado pela mídia brasileira, com o discurso de ter um “alto teor de violência e incitar o crime”, o grupo Facção Central na época era formado por DumDum, Eduardo Taddeo e DJ Erick 12, (os dois últimos citados hoje ex’s integrantes do grupo). Após a censura no single. o grupo compareceu no programa da Sonia Abrão em uma entrevista bastante conhecida pelo mundo do Hip Hop Brasileiro, gravada nos anos 2000. Que conta até com policiais fazendo um R.A.P.
A entrevista da Sonia, apesar do caráter sensacionalista do programa, o grupo conseguiu esclarecer pontos importantes , como em uma parte da entrevista o rapper Eduardo diz que: “A intenção do clipe foi mostrar a cena violenta, com o bandido no final morrendo, para mostrar que a lógica do crime é essa.” Logo depois o diretor do clipe Dino Dragone completa que: “Eu não achei que um simples videoclipe, um filme, uma expressão artística como qualquer outra, fosse dar uma repercussão desta, nunca pensei do Ministério publico perseguir um filme, nada mais do que um filme.”
Facção Central não se calou e mudou a forma do RAP ser visto
O primeiro videoclipe do grupo Facção Central “Isso Aqui é Uma Guerra” do final dos anos 1990, foi injustamente censurado, mas que por outro lado deu inúmeros ‘títulos’; ao grupo que ficou ainda mais conhecido em todas as quebradas do Brasil, como os ‘perseguidos. E ganharam muita notoriedade pela contundência de críticas ao sistema nas letras, com alto teor de realidade e confirmando que o RAP não precisa da simpatia da mídia tradicional, mas sim dos que vem do gueto, das favelas e periferias deste Brasil.
O clipe que tem como narrativa um assalto, sequestro, que no final termina com um bandido preso e outro morto, após ser exibido na MTV foi censurado e todas as fitas referentes ao clipe apreendidas na época; somente em 2002 após o caso ser arquivado, a música e o videoclipe foram liberados a exibição novamente.
O clipe, o filme, do Facção hoje pode ser visto livremente, e está disponível no Youtube para todos assistirem, vinte anos depois a importância de se lembrar do passado, é que já está a prova de que a história pode se repetir, mas o legado da chamada “velha escola” deixou uma longa estrada asfaltada, e a nossa missão é continuar neste caminho e continuar reforçando todo o tipo de liberdade de expressão.
O RAP de fato nunca será calado, pois mesmo com as perseguições durantes anos o grupo continuou com o trabalho de denunciar as desigualdades sociais, violência e claro toda a censura que sofreu. Precisamos continuar este legado!
No ano de 2001 o grupo lançou mais um disco (A Marcha Funebre Prossegue), que continua com a ideologia combativa e reforça o compromisso do RAP, através de músicas que carregam nas letras versos como: “Pode censurar, me prender, me matar, não é assim promotor que a guerra vai acabar”, como cita o artista na faixa “A guerra Não Vai Acabar” que faz alusão ao caso anterior da censura sofrida pelo grupo.
Enfim, neste dia que comemoramos o Dia do Rap Nacional (06) de agosto, relembre do sentimento de nostalgia e luta do rap raiz brasileiro. Assista e reflita com as ideias do Facção Central há quase 20 anos atrás:
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