
Se o “rap feminino” já foi resistência solitária por conta de inúmeros fatores, hoje ele é um movimento coletivo, potente, primordial e cada vez mais presente na mídia. A nova geração de minas do rap nacional chegou quebrando tudo, rimando sobre suas vivências com autenticidade e estilo. Elas não estão só ocupando espaço, mas também criando novos caminhos para chegarem onde sempre deveriam estar.
Das ruas para o streaming
Muitas dessas minas começaram em batalhas de rima, em palcos improvisados das praças e nos corres de quebrada, onde tudo acontece. Mas, hoje, já chegam a acumular milhões de ouvintes mensais no Spotify, trazendo cada vez mais relevância para o cenário atual.
Essa geração, que cresceu e se inspirou em nomes como Dina Di, Sharylaine, Negra Li, Karol Conká, Drik Barbosa e Tássia Reis, veio para continuar o legado construído pelas pioneiras e, de certa forma, trazer a revolução para a cena que, dentro dos streamings, é dominada por homens.
Sobre o que as minas estão rimando?
Tudo. Tudo mesmo. Amor-próprio, liberdade, sexualidade, autoestima, relacionamentos, vivências e os desafios que envolvem ser mulher nesse universo tão machista. Enfim, as novas compositoras que chegam rimam sobre a vida real e escancaram verdades que, antes, eram consideradas “não apropriadas” para saírem da boca de uma mina.
Não existe mais uma fórmula certa. Pode ser boom bap, trap, drill, funk, R&B, afrobeat… o mic é delas em qualquer estilo, e a autenticidade é o ponto chave!
Mulheres que estão dominando a cena
Uma nova geração já chegou com tudo, mostrando que o futuro do rap tem nome, rima, atitude, flow e identidade. Confira algumas das principais rappers da cena atual:
- MC Soffia:
Soffia Gomes da Rocha Gregório Correia, conhecida como MC Soffia, é uma jovem rapper de SP que começou sua carreira ainda criança. Suas músicas focam no empoderamento das mulheres pretas e no combate ao racismo, tornando-se uma voz importante na cena desde cedo.

- Ajuliacosta
Em destaque no cenário do rap nacional, Julia Costa, conhecida artisticamente como Ajuliacosta já foi indicada em quatro categorias do Prêmio RAP Brasil. Nascida em Mogi das Cruzes – SP, Julia começou a escrever suas primeiras rimas aos 12 anos e sempre marcava presença nas batalhas de rima da cidade. Hoje, além da carreira musical, a artista também empreende no mundo da moda com uma marca de roupas autoral, a AJC Shop.

- Duquesa
Jeysa Ribeiro, conhecida como Duquesa, é uma rapper baiana que rapidamente se tornou um dos nomes mais conhecidos da cena. Tanto que foi reconhecida com uma indicação de Melhor Artista Internacional no BET Awards 2024. A artista faz parte da gravadora Boogie Naipe, de Mano Brown.

- Tasha & Tracie
As irmãs gêmeas Tasha e Tracie Okereke, naturais de São Paulo, são conhecidas por suas letras que abordam empoderamento feminino e vivências periféricas. Em 2022 foram vencedoras na categoria “Revelação” do prêmio WME Awards. As irmãs também são influentes no mundo da moda, trazendo referências urbanas e afrocentradas em seu estilo. Seu trabalho reflete a interseção entre música, cultura e identidade.

- Boombeat
Boombeat é rapper, cantora e compositora que vem se destacando na cena nacional com rimas afiadas e muita representatividade. Em 2018, foi uma das fundadoras do Quebrada Queer, primeiro coletivo de rap LGBTQIAPN+ da América Latina. Em 2024, a artista lançou seu primeiro disco solo, “METamorFOSE“, com parcerias de peso como Emicida e Urias.

- Ebony
A carioca, Ebony, lançou os álbuns Visão Periférica (2021) e Terapia (2023), consolidando-se como uma presença significativa na cena do rap nacional. Empoderamento, autoestima e uma variedade de flows, são frequentes em suas músicas.

- N.I.N.A
Anna Ferreira, conhecida artisticamente como N.I.N.A, é uma rapper carioca que se destaca no grime e drill no Brasil. Suas letras abordam as vivências da favela, relacionamentos e sexualidade, trazendo uma perspectiva autêntica e necessária para o cenário musical.

- MC Luanna
Natural de Ubaitaba, Bahia, mas criada em São Paulo, MC Luanna é presença marcante na cena do rap e funk paulista. Seu EP Maldita acumulou mais de 585 mil reproduções no Spotify. A artista conquistou seus mais de 1,9 milhões de ouvintes mensais através do seu empenho, habilidade e rimas afiadas.

- Budah
Brenda Rangel, conhecida na cena como Budah é cantora e compositora. Tem se destacado no cenário do R&B e rap nacional por suas músicas que exploram temas como amor, relacionamentos e empoderamento feminino. Em 2024 foi indicada ao prêmio de “Melhor Flow” no BET Hip Hop Awards.

Aqui citamos apenas algumas das mulheres que vêm se destacando na cena, porém, a lista com nomes importantes do movimento é infinita. Existem milhares de minas independentes em todos os cantos do Brasil, trazendo mais pluralidade, vivências, experiências e profissionalismo pra cena.
Sobre o futuro:
O futuro das mulheres no RAP é múltiplo, potente e já começou. E um grande fato que podemos e devemos enaltecer, é que: A VOZ DAS MULHERES NA CENA CONTINUA SENDO UM GRITO DE LIBERDADE E ESSENCIAL PARA A CULTURA!
Mesmo enfrentando desafios como falta de espaço, de respeito e também de reconhecimento, as minas do rap seguem mostrando que a arte pulsa onde existe verdade!
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