A poucos meses de sua primeira e histórica edição, o The Town ressalta os rápidos avanços com as ações do Favela 3D. O projeto visa soluções que promovem o desenvolvimento social na Favela do Haiti, em São Paulo.
Na quarta-feira (5), o The Town, ao lado da ONG Gerando Falcões, Gerdau, Fundação Grupo Volkswagen, Vozes das Periferias, Estado de São Paulo e Prefeitura de São Paulo, promoveu uma coletiva de imprensa na Favela do Haiti. Com a presença de Ludmilla e Criolo, destaques no line-up do The Town, foi apresentada a evolução da implementação do projeto na comunidade.
Até o momento, os resultados do Favela 3D consistem em melhorias habitacionais, abastecimento de água, saneamento e instalação de hidrômetros em parceria com a Sabesp. Através de uma formação de lideranças comunitárias, houve a construção de sobrados e assobradados sustentáveis, além da construção do Museu de Arte Pública. Também já está confirmado o projeto de reforma da praça central e do mapeamento de todas as famílias que farão parte do Programa Decolagem.
290 famílias já estão sendo impactadas pelo Favela 3D
Com o projeto, 290 famílias (o que equivale a cerca de mil pessoas) já estão sendo impactadas. São ações que promovem o fortalecimento comunitário, empregabilidade, empreendedorismo, capacitações profissionais e acompanhamento individualizado de cada contemplado. A iniciativa do Favela 3D faz parte do propósito “Por Um Mundo Melhor”, que conecta pessoas pela música e ajuda a transformar vidas a partir de causas.
Até o momento, o projeto da Favela do Haiti soma vinte e três casas que passaram por melhorias habitacionais. Também registra entrega de dois novos projetos de casas sustentáveis, abastecimento de água para 100% comunidade até o final de agosto em parceria com a Sabesp. Além disso, a divulgação do projeto de reforma da praça central da favela em parceria com a Escola da Cidade.
Tem ainda o kickoff do projeto “Museu Arte Pública”, que traz arte para todo o envelopamento da favela, envolvendo moradores no processo de criação de todos os murais artísticos. E mais: a contratação pela prefeitura via seu Programa Operação Trabalho (POT) de 20 moradores, para que trabalhem nos cuidados da horta comunitária que será construída. Outros 22 moradores ainda foram contratados para trabalhar no cuidado de praças no entorno da região. Também já foram doadas 176 caixas UMA (unidade de medição de água) e 50 caixas d’água pela Sabesp para a comunidade.
Favela 3D segue com capacitação da comunidade e diversas melhorias
Em andamento, estão a qualificação profissional de 60 moradores do território, 76 melhorias habitacionais, formação de oito lideranças comunitárias, construção de 16 sobrados e assobradados sustentáveis, e o mapeamento de todas as famílias que farão parte do programa decolagem. Também foi realizado um trabalho robusto na área de capacitação, através de um diagnóstico para entender que técnicas deveriam avançar primeiro nos cursos com SEBRAE/SENAI. Por meio desta parceria, a primeira turma do curso de Design de Unhas está fechada e estão em andamento as inscrições no curso Montagem e Manutenção de Computadores.
Entre os próximos passos estão o início da construção da Praça Central da comunidade e do seu entorno, investimento no projeto Semente de 10 empreendedores do território e a regularização da iluminação da favela. Para acompanhar o andamento das obras e entregas previstas, foi instalado um “dignômetro” na praça central. Este é um painel que vai ser constantemente atualizado para que a população local esteja a par de todas as ações que estão sendo realizadas. Ele será fundamental para um acompanhamento macro dos objetivos da primeira etapa do projeto, trazendo as porcentagens de espaços revitalizados, moradias transformadas, pessoas no mercado de trabalho e pessoas qualificadas.
Casas já foram entregues
Durante a coletiva, um dos destaques foram as entregas das melhorias nas casas de moradores da comunidade. Entre as ações estão as instalações de piso, azulejo, portas e janelas, pintura de paredes e fachadas, construções de alvenaria e telhado, reformas hidráulicas, reparos internos das moradias, entre outros. Edu Lyra, fundador e presidente da ONG Gerando Falcões, acompanha de perto a evolução do projeto e ressalta o impacto na vida das pessoas que moram no local.
“Há dois anos que a gente vem trabalhando intensamente em favelas para criar esse modelo do Favela 3D. A gente acredita que o contrário de pobreza não é riqueza, mas sim, dignidade. Dignidade é todo mundo ter acesso à infraestrutura básica, água encanada, saneamento, iluminação, Wi-Fi, uma casa digna para viver, creche, escola, capacitação, emprego e renda. Nessa parceria com o The Town, a gente trouxe a primeira favela da cidade de São Paulo a fazer parte do Favela 3D, a Favela do Haiti. Com isso, temos a chance de fazer uma coisa inédita em uma das maiores cidades do planeta Terra e provar que a gente, como sociedade, pode vencer a pobreza, pode deixá-la para trás e construir uma situação de dignidade nas favelas”,
garante Edu Lyra.
Ludmilla e Criolo conheceram o projeto Favela 3D
Antes da coletiva, dois convidados ilustres puderam conhecer de perto o Favela 3D e como o projeto vai impactar diretamente a vida dos moradores do local. Eles caminharam pela favela e conheceram as casas já entregues pelo projeto, assim como parte da obra em execução.
“Estou muito feliz de estar perto disso tudo, de ver que é possível e que é real. E eu tenho certeza de que isso é inspiração para outras ações e que venham outras mais. Espero que as pessoas se sintam tocadas por esse gesto tão forte que está acontecendo aqui hoje. Eu só tenho a agradecer”,
afirmou o cantor e rapper Criolo, durante a coletiva de imprensa.
Por sua vez Ludmilla, uma das maiores cantoras da atualidade, destacou estar muito feliz com a oportunidade de faze parte do Favela 3D. “Eu sempre quis fazer parte dessas ações sociais, mas eu não sabia como. Até que eu encontrei o Roberto Medina, que é um cara super engajado nessa causa. Eu acho que é isso que vai fazer toda a diferença. Olha quanta criança tem aqui, quantas vidas vão mudar. Estou muito feliz de estar aqui hoje e quero que mais pessoas se inspirem através desse projeto. Que esse seja só o começo do Favela 3D”.
Etapa de diagnóstico e planejamento foi fundamental para levantar as prioridades das ações que estão sendo realizadas
Logo no início do Favela 3D, ficou constatado que 9% dos domicílios não possuem banheiros, 29% dos domicílios possuem perigo de incêndio ou curto-circuito ou materiais inapropriados, além de 47% terem problemas de mofo e ventilação. A análise também mostrou que 17% das pessoas estão em situação de desemprego e buscam uma oportunidade de emprego e que 32% dos moradores são analfabetos.
Todo o projeto é realizado em conjunto com os moradores e a perspectiva é que em dezembro de 2024 já esteja concluído. Alguns dos cenários e das metas do Favela 3D na Favela do Haiti são:
Desenvolvimento Social: Cenário:- 32% da população é não alfabetizada.- 1 a cada 5 crianças não estão na escola ou creche.- 1 a cada 20 famílias não tem acesso à internet. Resultados esperados:- 290 famílias acompanhadas pelo programa decolagem.- 100% do território com acesso à internet.- 100% das crianças matriculadas em creches ou escolas.- 100% da população alfabetizada. Geração de Renda: Cenário:- 38% da população está em situação de desemprego Resultados esperados:- Zerar o desemprego para pessoas disponíveis (por meio de aceleração de empreendedores, trilhas de capacitação profissional e conexão com vagas de emprego)- Combate à evasão escolar e inserção dos jovens no mercado com a formação de 52 jovens no projeto Jovem do Futuro. Urbanismo e Moradia: Cenário:- 97% das casas não possuem acesso regular a água- 78% das casas possuem problema de ventilação/mofo e ligações elétricas com perigo de incêndio.- 66% das casas são feitas de tijolo com revestimento. Enquanto 22% são feitas de tijolo sem revestimento e 8% são de madeira aproveitada. Além disso, 9% das casas não possuem banheiro exclusivo. Resultados esperados:- 100% das famílias com abastecimento de água (por meio de uma parceria com a Biosaneamento e a SABESP, onde iremos instalar caixas d’água para abastecimento do território até agosto e fazer a ligação delas com a rede regular de distribuição de água a partir de setembro)- 115 Melhorias habitacionais e fachadas. Construção de 21 sobrados sustentáveis. |
Favela 3D ainda opta por diversos programas assistenciais
Urbanismo Tático
Um dos programas que será implementado é o Urbanismo Tático. Este é um modelo de intervenção no espaço urbano que busca respostas rápidas a problemas relacionados a espaço público, que supostamente exigiriam um processo longo e burocrático por parte do Estado para serem solucionados. Este modo de intervir consiste em ações pontuais de pequena escala que visam mudança de comportamento e de cultura a longo prazo.
Jovem do Futuro
Entre as novidades também está o Jovem do Futuro, que promoverá cursos para aperfeiçoamento de competências socioemocionais e técnicas com foco de preparação de jovens de 16 a 20 anos para o mercado de trabalho, que serão realizados em parceria com empresas e organizações locais. O objetivo será combater a evasão escolar e o trabalho infantil por meio da inserção dos jovens no mercado de trabalho e da garantia de que todos estão matriculados e frequentando escola.
Investimento Semente
Já o Investimento Semente será um programa de investimento de até R$ 5.000,00 para implementação e reestruturação de negócios. O objetivo é desenvolver capital para investimento no empreendimento tais como capital de giro, fluxo de caixa, materiais e insumos.
Aceleração de Empreendedores
Outra ação é o Aceleração de Empreendedores, que vai apoiar os empreendedores no crescimento dos negócios. Para isso, oferecerá suporte e capacitação para moradores que já empreendem ou querem começar suas empresas, além de apoiar a regularização dos empreendimentos.
Rede Favela
O Rede Favela, outro programa criado para o projeto, vai visar a formação de lideranças comunitárias. Essas terão o intuito de fazer a gestão do território e manter a comunidade engajada.
Programa Decolagem
Já o chamado Programa Decolagem constrói trilhas individualizadas de superação da pobreza para cada família, fomentando a autonomia das pessoas no processo de transformação. As famílias são atendidas em todas as suas complexidades. É realizado um acompanhamento familiar regular, seguindo uma metodologia também multidisciplinar e intersetorial, que viabiliza a emancipação da pobreza.
Uma equipe profissional com atendimento técnico especializado é responsável por promover encaminhamentos das famílias para diferentes setores (público, Terceiro Setor e iniciativa privada) com ações em diversas áreas, como educação, renda, moradia, entre outras. Unindo gestão humana e tecnologia, por meio de levantamento de dados e acompanhamento frequente, o Programa Decolagem é o primeiro programa de graduação da pobreza urbana do mundo, focado em favelas, com monitoramento em tempo real, que traz maior assertividade na tomada de decisão, influenciando as políticas públicas de combate à pobreza e ações intersetoriais. Outro programa será o Participação Social, que garante que as organizações parceiras e os moradores da Favela do Haiti sejam envolvidos em todos os processos do projeto.
Favela 3D faz parte do “Por Um Mundo Melhor”
Em 2001, imbuído do pilar “Por Um Mundo Melhor”, o Rock in Rio assumiu o compromisso de conscientizar as pessoas para o fato de que pequenas atitudes no dia a dia são o caminho para fazer do mundo um lugar melhor para todos. Muito mais do que um evento de música, o festival pauta-se por ser um evento responsável e sustentável.
Em 2006, tornou-se o primeiro grande evento a compensar a sua Pegada Carbônica. Em 2013, recebeu a certificação da norma ISO 20121 – Eventos Sustentáveis, um reconhecimento do poder realizador da marca que desenvolve diversas ações com vista à construção de um mundo melhor. Em 2016, foi anunciado o Amazonia Live, projeto socioambiental do Rock in Rio, presente nas edições do festival em todos os países onde o evento é realizado.
Com o projeto, já foram plantadas mais de 4 milhões de árvores em mais de 2.6 mil hectares de floresta, com sementes coletadas por uma rede de coletores locais. Entre apoio do Rock in Rio e angariação de verbas pelos parceiros e público já foi investido mais de 5 milhões de reais no reflorestamento da região do Rio Xingu e apoiamos a restauração de mais de 4.2 mil hectares no projeto Paisagens Sustentáveis da Amazônia.
Para as edições de 2022, em Lisboa e Rio de Janeiro, o Rock in Rio reforçou o seu compromisso de ir ainda mais longe, anunciando um conjunto de metas de sustentabilidade até 2030 que visam aumentar o seu impacto positivo nos pilares social, ambiental e econômico. Dentre elas, capacitar 100 mil pessoas, ser 0% de lixo em aterro em todas as edições do festival, 50% de oferta de alimentação saudável e sustentável, envolver 100% dos stakeholders na sua política de sustentabilidade, ser um evento 100% acessível, inclusivo e plural, e garantir todas as condições de segurança, saúde e bem-estar adequadas a 100% dos envolvidos na construção da Cidade do Rock.
O festival também trabalhou para ser agente ativo na construção de um mundo melhor e levar esse pilar para qualquer lugar. Por meio da Rock World, empresa organizadora do festival, dentre as ações realizadas fora das cidades onde o Rock in Rio aportou, estão a construção de uma escola na Tanzânia, um centro de saúde no Maranhão, o já citado projeto Amazonia Live, instalou 760 painéis solares em escolas públicas, em Portugal, montou 14 salas sensoriais em ONGs portuguesas para atender jovens com deficiências, entre muitos outros.
A plataforma “Por Um Mundo Melhor” nasceu a partir do Rock in Rio e, hoje, é uma área consistente dentro da Rock World. O novo festival The Town, dos mesmos criadores do Rock in Rio, chega orientado pelos pilares de Sonhar e Fazer Acontecer e abraça o projeto, ao trabalhar sob uma visão de sustentabilidade que hoje é transversal a toda a organização.
Sobre “Favela 3D”
O Favela 3D (Digna, Digital e Desenvolvida) é um projeto de erradicação da pobreza de maneira sistêmica da Gerando Falcões. Para isso, trabalha com base em uma mandala de impacto que contempla: moradia digna, acesso à saúde, direito à educação, cidadania e cultura de paz, primeira infância, meio ambiente, geração de renda e cultura, esporte e lazer.
O projeto está em andamento em quatro territórios: na Favela Marte, em São José do Rio Preto (SP), na Favela dos Sonhos, em Ferraz de Vasconcelos (SP), no Morro da Providência, no Rio de Janeiro (RJ) e em Vergel do Lago, em Maceió (AL). Os locais possuem características e populações diferentes, permitindo que a metodologia se adeque e se consolide em ambientes distintos, que seguem com trabalhos que serão realizados ao longo dos próximos dois anos.
VEJA MAIS: