A personagem Betty Boop surgiu nos anos 1930, inspirada em Esther Jones. A cantora negra apresentava-se em clubes e casas noturnas conhecidos como “cabarés”. Por conta do embranquecimento que, infelizmente, acontece em registros históricos, o pioneirismo de Esther como inspiração para a personagem é pouco reconhecido. Entretanto, a MC Taya quer mudar essa realidade. Taya acaba de liberar “Betty Boop”, faixa que terá um remix no primeiro EP da carreira da artista, previsto para março. A nova música já está disponível nas principais plataformas de áudio.
“A Betty Boop pra mim é o símbolo de toda mulher negra embranquecida, esquecida e silenciada. É símbolo de autenticidade, atrevimento e liberdade sexual em épocas que isso não era tão comum. Betty Boop pra mim é uma tendência de moda, de estética, de cartoon que nunca se esgota. Foi moda para minha avó, para minha mãe, para mim. Ou seja, somos passado, presente e futuro”, explica Taya.
A música traz todo esse empoderamento refletido na letra, onde as mulheres “Betty Boops” são as protagonistas de suas próprias histórias. O beat é uma pequena amostra do que está por vir no EP “Betty”, o álbum de estreia da cantora. Com batidas características do funk, a multi artista também aposta em referências do rap, trap e até do rock. E assim, Taya mistura os estilos, fazendo diferente do que sociedade espera de uma mulher negra, uma vez que suas referências transpõem as vertentes do funk ou do samba.
“Falando um pouco mais sobre a escolha da estética “Betty Boop” para esse meu novo momento de carreira… Eu me identifico muito com essa personagem, desde o corpo curvilíneo até o fato dela ser cantora de cabaré. Atualmente vejo que nós artistas pretas (sejam as MC’s, trappers ou rappers) estamos exatamente nessa posição, para mim o baile é o novo cabaré e tendo a Betty como referência, nós sabemos que podemos chegar aonde quisermos. Ser uma Betty Boop pra mim é ser livre, rainha do cabaré sem medo do julgamento e das fogueiras”, finaliza MC Taya sobre sua nova era.
MC Taya é funkeira, rapper, comunicadora e foi uma das primeiras apostas do HERvolution, selo musical da KondZilla dedicado para artistas mulheres. Em 2019, lançou “Preta Patrícia”, que soma mais de 55 mil views no Youtube. O hit se destaca por ir ao encontro do Afropaty, movimento que busca empoderar a mulher negra e ressaltar traços que, por muitos anos, foram marginalizados, como o cabelo crespo ou cacheado. A era “Preta Patrícia” foi a primeira fase da trajetória musical de Taya, que agora abre espaço para a chegada do alter ego “Betty”.