Conhecido na cena da música urbana brasileira pela maturidade e críticas sociais em suas letras, Sant – que recentemente assinou com a Som Livre, sua primeira gravadora -, apresenta “Nuvem Negra”, abrindo seus trabalhos de 2023. A faixa é a primeira do próximo álbum do artista e traz uma participação especial da Tiê. A cantora empresta os vocais na citação “Nem bom-dia eu vou dar / Tá difícil ser eu” da música original de mesmo nome, “Nuvem Negra” (1993), de composição de Djavan e com Gal Costa como intérprete. A canção foi uma das inspirações de Sant para o single já disponível nas principais plataformas de áudio.
Natural de Pilares – bairro da zona norte do Rio Janeiro – Sant também lança um videoclipe inédito. O audiovisual de “Nuvem Negra” exibe de forma cinematográfica as histórias periféricas relatadas na composição. A produção tem direção assinada pelo cineasta e premiado fotojornalista João Wainer. A cantora paulista Tiê também está presente no clipe ao lado do rapper e demais atores.
“Nuvem Negra” traz em sua letra a dura realidade da periferia e relata a vivência de uma parcela dos jovens cariocas, que em algumas ocasiões recorrem à marginalidade como um caminho possível para sobreviver em meio a um cenário desigual. Em trechos como “Desce dois mano na porta do morro / Sentido Linha Amarela / Dali pra Barra são 20 minutos / Carga pesada antes da novela / Uma nuvem negra em cada pente / Uma nuvem negra em cada pente / Tenho 30 chances pra mudar o mundo / Ou só pra não morrer como indigente”, Saint expõe de forma incisiva a realidade das favelas do Rio de Janeiro.
“Eu acho que é importante já deixar registrado que é uma obra de ficção e que qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência (risos). Eu tirei tudo isso daqui de dentro mesmo e obviamente eu peguei coisas de fora também. Na batida do Apoema, a concepção foi resgatar essa ideia de um dia ruim, que é difícil ser nós, e aí eu pensei nessa história, nesses personagens, nesse enredo e nesse dia a dia. Corre, corre mesmo de um amigo que tem o contato de uma boa, mas às vezes não tem como ir sozinho, precisaria de outra pessoa pra se sentir mais forte e pensar que é possível, e tem o outro amigo que tá ali nessa disposição mesmo, pra qualquer coisa do caos. Sempre tem um menor igual, que quebra esse ciclo e essa expectativa, que mostra uma outra parada, mas que acaba envolvido de alguma forma porque se você tá ali, em cima do muro que não vai dar pra ficar. A música fala sobre isso, essas histórias que às vezes a gente sabe uma coisa ou outra, talvez mude algo aqui ou ali, mas sempre rola, a gente sempre perde. Mas seguimos nessa esperança de que algum dia vai ter alguma coisa que vai ser diferente, eu tenho muito isso em mim”, conclui.
Trajetória de Sant até “Nuvem Negra”
No último ano, Sant lançou o álbum “Ainda É o Rap dos Novos Bandidos”, em parceria com o produtor LP Beatzz. O trabalho é uma continuação do seu primeiro disco “Rap dos Novos Bandidos” (2021), que traz parcerias de peso do rap e do funk. Com MC Marechal como seu mentor e padrinho, o rapper coleciona músicas emblemáticas e participações em grandes projetos. Sain está em “Poesia Acústica #3: Capricorniana”, que acumula mais de 500 milhões de plays nas plataformas de áudio e YouTube. Ele também assina a faixa “Dizeres”, parceria com a cantora Lourena, que ultrapassa 250 milhões de reproduções.
