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O rap tocando o céu: Entrevista com Mariana Costa

Mariana Costa, professora e acrobata aérea roubou a cena com a sua dança e tecido no clipe ‘Facilitei’ do rapper L7nnon

Mariana Costa, 24, nascida no Rio de Janeiro chamou atenção ao arranhar o céu e deixar a sua marca no clipe de ‘Facilitei’ do rapper L7nnon, uma das últimas produções e lançamentos do cantor que está sacudindo a cena musical.

Em entrevista ao Portal Rap Dab, ela conta de onde vem a sua ligação com a arte e quando começou a desgrudar os pés do chão e voar para se expressar na dança, também fala sobre o seu contato com a produção do cantor e o convite para contracenar com L7nnon no clipe. 

Mariana conta que em sua infância já se cercava de arte, referências que vinham principalmente de aulas de balé que iniciou aos 6 anos de idade e finalizou aos 16. O balé clássico é um estilo de dança conhecido por dar um grande conhecimento corporal aos dançarinos, e o céu foi o limite para essa noção de corpo para a futura acrobata, e a dança no solo foi perdendo espaço, ela explica como foi o início da sua trajetória:

“Apesar de sempre ter feito danças no solo, minha maior vontade era poder ser acrobata aérea. Eu ia para espetáculos de circo e admirava muito a modalidade do tecido. O que me desanimava, na época, era não ter nenhuma escola de circo ou estúdio, mais precisamente aqui no subúrbio do Rio de Janeiro para que eu pudesse treinar. Meu bairro é muito distante dos grandes polos culturais, qualquer trajeto era sempre bem cansativo. Mas a vontade foi maior e me levou até a ‘Intrépida Trupe’, na Fundição Progresso, na Lapa. Foi lá que aprendi a construir as bases no tecido acrobático”.

MARIANA NO INÍCIO DO VOO

Mariana iniciou as suas aulas em 2019, mas com a pandemia houve a necessidade do distanciamento social no ano seguinte e as aulas foram interrompidas, foi assim que ela fez da sua casa a sua escola, colocou um tecido na garagem e ali foi o início da ‘Aquarius Circus’, futuro local em que seria professora e não mais aluna.

Ao passar tempos ali treinando as técnicas em acrobacias, chamou atenção da vizinhança e despertou o interesse das pessoas que assistiam as piruetas e ficaram com vontade de experimentar. 

“Uma vizinha minha me via treinando e perguntou um dia se eu ensinaria ela a subir [no tecido], foi assim que comecei a dar aulas. Divulguei no Instagram que era uma altura baixa do tecido e que as aulas eram para iniciantes, muita gente se interessou e, de uma hora para outra, tudo mudou por aqui. O Aquarius começou a crescer e a tomar forma. Muita gente foi chegando, justamente pela falta de espaços com essa prática em bairros como o meu. Hoje, consegui sair da garagem, construí um segundo andar em cima da minha casa e o espaço é completamente outro, fruto de muito suor coletivo”.

O seu novo espaço fica na Zona Norte do Rio de Janeiro, no bairro da Água Santa, exposto por ela como um local carente de cultura e atividades desse tipo. Agora ela é quem desenvolve esse trabalho no local e passou a ter oportunidades que nunca imaginou.   

L7NNON E O CLIPE FACILITEI

A oportunidade de fazer parte do clipe de L7nnon veio através do profissional da cenografia da produção, Bernardo Berbari, que chamou Mariana pelo Instagram e ela logo topou. 

“Ele me apresentou a proposta, eu aceitei e fui encaminhada para a produção. Agradeço muito também ao Cherry Rocha (diretor), ao Michel Luz (produtor) e toda equipe técnica por acreditar em mim e abrirem as portas. Essa galera fez o trabalho todo ser leve, fluido e bastante agradável de se fazer, foi o primeiro clipe que eu fiz”.

O clipe traz tonalidades mais escuras, mesclando cores quentes e frias. O brilho do verde e do alaranjado se misturam junto ao tecido de cor clara onde Mariana deu seu show, já no início do clipe. A música segue o estilo dos raps românticos do cantor e fica ainda mais leve com o movimento das acrobacias.

“A produção me apresentou um movimento que eles gostariam de ter no trabalho, e lá na hora fomos moldando isso melhor juntos. Depois me deixaram bem livre para performar à minha maneira”.

Mariana comenta que achou a experiência incrível, sendo um local diferente para levar o seu trabalho, o audiovisual. Já podemos esperar futuras participações da professora em novos trabalhos, já que ela está aberta para levar a sua arte para lugares lugares diferentes e expandir essa garagem que ganhou as produções.

“Acho que o tecido é bem expressivo, essa modalidade merece ocupar mais espaços haha”.

O clipe com certeza fez mais pessoas notarem o seu trabalho, também gerou mais interesse na prática, Mariana brinca que seu portfólio cresceu no quesito qualidade após a participação.

A ARTE DO ENCONTRO

Mas o que notamos é que o talento de L7nnon, que sem dúvida é um dos nomes da vez na cena musical, apenas encontrou com outra profissional que já estava se dedicando em outra vertente da arte e preparada para agarrar oportunidades que fossem apresentadas, para quem está acostumada a segurar tecidos e se manter lá nas alturas, não vai se desequilibrar fácil quando o assunto é o seu trabalho e seus sonhos. 

Já com a sua caminhada na dança nos últimos anos, ela dá dicas para quem viu o clipe e também se apaixonou pela prática:

“A dica que eu dou para quem quer começar a treinar é: COMECE! Depois disso tudo vai fluindo e a paixão pelos aéreos vai só crescendo! Se aqueça sempre antes de subir no tecido e faça sempre com proteção e ajuda de um profissional! O voo vale muito a pena!”, diz Mariana.

A dança que vem da infância, os trabalhos e a coletividade que fizeram nascer um circo na Zona Norte do Rio de Janeiro, também a garagem que, com um tecido pendurado a 3 metros de altura, alçou Mariana a carreira de professora e a levou para clipes nacionais ao lado de melodias que combinaram com seus movimentos. Todos esses trabalhos não são fáceis, as técnicas e os desafios existem no chão e no céu, mas como ela mesmo diz “O voo vale muito a pena”.

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Ana Carla Dias

Jornalismo e Direção de Arte

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