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“No samba, comemoramos o 13 de maio como o dia de pretos velhos”, diz fundador do evento O Canto da Raça

“O Canto da Raça” é uma tradicional roda de samba, que acontece em todo último ou penúltimo domingo do mês, no bairro Freguesia do Ó, na Zona Norte de São Paulo. Idealizado por Fernando de Paula, com o objetivo de manter vivos os bambas do samba como uma forma de resistência, o projeto, que teve a sua primeira edição em agosto de 2019, conta com músicos residentes da cidade de São Paulo e resgata a atmosfera das rodas de samba onde a palma e a voz do público são a atração principal. E para além de muita música boa, o evento também conecta o público à ancestralidade com um cardápio com opções como feijoada, acarajé e bobó de camarão.

O evento nasceu a partir da conexão com a ancestralidade da luta do povo preto, por isso é simbólico seu registro na data do 13 de maio, que marca a falsa celebração da Abolição da Escravatura. Visto que muito antes da Lei Áurea, assinada em 1888, já havia todo um contexto de luta e resistência que pressionava por isso e mesmo após a assinatura. Por isso se justifica que os movimentos negros do Brasil intitulem tal data como uma crítica, até porque 134 anos já se passaram e a população negra brasileira ainda não alcançou a igualdade e tem o seu dia a dia marcado pela violência, pela exclusão e pelo encarceramento em massa. Portanto, seja no batuque do samba, na feitura de um prato de feijoada, seja na exaltação do trabalho do afroempreendedor que está buscando seu espaço, seja na Zona Norte ou Zona Leste, hoje é dia de exaltação da luta ancestral negra e não da assinatura de um membro da coroa européia.

“O evento é feito para desmarginalizar tudo que envolve o povo preto, principalmente nossa cultura. É importante demarcarmos o 13 de maio, pois não há o que se comemorar, pois além de ser uma falsa abolição, ainda sofremos as consequência dessa falsa liberdade, seja com a discriminação ou com a falta de oportunidade. No samba, comemoramos o 13 de maio como o dia de pretos velhos, que são entidades que se apresentam como velhos africanos que viveram nas senzalas como escravos e que adoram contar as histórias do tempo do cativeiro. Sábios, ternos e pacientes, dão o amor, a fé e a esperança aos “seus filhos”. É também onde é servido uma feijoada, que é um prato típico criado pelos escravos, com miúdos do porco e que hoje faz parte da nossa culinária. Viva aos pretos velhos!”, conta Fernando de Paula, idealizador do projeto.

Em seu tempo de estrada, o Canto da Raça não apenas entreteu os frequentadores da roda de samba, mas também contribuiu direta e indiretamente para geração de renda para a população negra, seja com colaboradores que fazem a roda de samba acontecer ou com os contemplados pela Feira Afro de Economia Criativa e Solidária, que fomenta o surgimento de empreendimentos geradores de trabalho e renda de forma sustentável. Em seis edições, a média de público do projeto foi de 700 pessoas e cerca de 40 colaboradores. Em 2022, o objetivo é aumentar o público e colaboradores da oficina em até 30%, atingindo a marca de 900 participantes e 55 colaboradores. 

SERVIÇO

O Canto da Raça

Data e horário: 22 de maio, às 13h

Local: CDC Curitiball 

Rua Pascoal da Costa, 4 – Freguesia do Ó, São Paulo – SP

Entrada: Um pacote de absorvente ou R$ 10,00

É obrigatória a apresentação do comprovante de vacinação.

Mais informações sobre o evento em: https://www.instagram.com/ocantodaraca/

Sobre O Canto da Raça
A Roda de Samba do Canto da Raça foi idealizada por Fernando de Paula. Sua primeira edição aconteceu em agosto de 2019. A roda de samba acontece religiosamente uma vez ao mês como uma forma de resistência, para manter vivos os bambas do samba e a chama acesa, homenageando grandes nomes do samba como Fundo de Quintal, Almir Guineto, Luiz Carlos da Vila, Roberto Ribeiro, Jovelina Pérola Negra, Leci Brandão entre outros grandes. O projeto já recebeu grandes nomes do samba e da música popular brasileira, como Luciano Bom Cabelo, Fred Camacho e Toninho Geraes. 

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Sobre Fernando de Paula
Nascido e criado na Brasilândia, Zona Norte de São Paulo, produtor cultural e compositor, desde 2010 compôs mais de 15 sambas de enredo para as principais escolas de samba de São Paulo, sendo elas: Unidos do Peruche – (2011) Mocidade Alegre – (2012 e 2013) Império de Casa Verde – (2013) Pérola Negra – (2014) Soc. Rosas de Ouro – (2019) Foi bicampeão do carnaval paulistano com a Mocidade Alegre (2012 e 2013) Ganhador do Troféu Nota 10 – melhor samba enredo do carnaval de São Paulo (2012) do Jornal Diário de São Paulo Além de São Paulo, também é autor de obras em carnavais de Minas Gerais e Rio Grande do Sul. 

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