LADO B: Festival em Maringá leva o melhor do rap nacional

Black Alien, Froid e Cynthia Luz, mesmo embaixo de chuva, incendiaram a cidade de Maringá (PR). O Portal Rap Dab entrevistou os artistas

Para quem não carrega na memória o estado do Paraná quando o assunto é festival de rap, pode ter perdido um grande evento que ocorreu neste sábado (12/03) em Maringá, o festival organizado pela galera da Lado B, em parceria com a HYPE Entretenimento, acumulou uma multidão no Mont Serrah Garden que curtiu por horas muita música boa.

O Rap é hype!

No último final de semana, Froid, Cynthia Luz e Black Alien fizeram um grande evento musical através da galera do LADO B que promete muito para o ano de 2022, já tem vários artistas confirmados para novos shows e outros sendo sondados para visitarem o Paraná, trazendo muita música boa! Vale a pena seguir as redes sociais desse grupo que irá se destacar nas atrações no sul do país.

E como o estado é carente de outros estilos musicais, já que é marcado pelo sertanejo,  o festival de rap abrigou gente de todos os cantos, o cantor Froid, último a se apresentar na madrugada, descobriu um fã de Curitiba que foi até o interior para prestigiar o rapper, “Da onde você veio, cara? De Curitiba só pra curtir o show? Que louco, daora”, disse Froid, apontando para a plateia de cima do palco.

Rapper Froid

E foi no show dele em que o céu se abriu e as capas de chuva começaram a  ser entregues para quem sabe que se está na chuva é para se molhar. O rapper cantou seus grandes sucessos, como “Sk8 do Matheus”, “Pseudosocial”, “Peita De Dar Rolê”, entre outros, também falou do seu carinho pela música “Peita De Dar Rolê”, contando ao público que ao esquecer sua camiseta na casa de Cynthia Luz é que o amor vestiu o casal, que por sinal cantaram juntos no palco e esbanjaram sintonia.

Froid tem uma postura de palco onde um cara gigante se torna um menino, ele canta, dança e às vezes faz uma palhaçada e pede aos fãs de rap “Parem de me zuar”, entre risos e brincadeiras, Renato (nome verdadeiro de Froid), se mostra ser o maior fã ali presente no show, o fã que assiste do palco e brilha os olhos quando olha para o seu público, mostrou isso descendo e indo cantar abraçado com a multidão.

O LADO B das entrevistas

Na hora da entrevista, encontro Froid e Cynthia Luz em um salão ao lado da arena do show, ambos chegaram sorrindo e brincando, dizendo que adoraram o evento, Froid estava acompanhando de Diogo, um tatuador que já se preparava para marcar o braço do artista  com um coração. O cantor estava bem empolgado e dizendo que desenharia algo para Cynthia tatuar: 

“O que você curte, Cynthia?”, pergunta Froid para a parceira,

“Aaa eu gosto de música de sol”, responde  a cantora olhando Froid que já segurava uma caneta e um papel. 

“Qual estilo? Old School?”, Froid pergunta, caindo na risada.

Enquanto tatuava, ele conversou com a Rap Dab, falou sobre os fãs, sobre a música e os próximos passos no álbum e em poucos minutos o coração estava no braço e o recado para os fãs estava dado.

“Fui resgatando as músicas que eu achei que mais mexeram comigo ao longo do tempo.”

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Trecho da entrevista com o rapper Froid

‘Um pouco do TikTok é acidental, é uma indústria que ainda se baseia no acidental, claro que tem os intencionais, mas a música pop sempre foi certeira no mercado. Eu penso em usar o TikTok na minha carreira como um outro artifício, como audiovisual. Lá eu posso passar vídeo e música, eu tenho a minha estratégia. Sempre teve essa parada, o lance é que agora ficou melhor, quanto mais plataforma tiver, mais eu vou ganhar dinheiro e esse é o propósito da música comercial.”

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Froid durante o show em Maringá

“São Paulo e Rio de Janeiro tem muito artista, então um lugar onde tem muito artista as pessoas veem os artistas de uma forma diferente, eles (cariocas) encontram o Caetano Veloso na praia. A galera do interior vê o artista como algo não humano, a galera tem um calor maior, isso para a parte artística é fundamental e isso faz o artista se deixar levar e se conectar com a parada, mas no eixo Rio São Paulo também tive meus encontros.”

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Cynthia Luz durante o show em Maringá

A luz de Cynthia

Já no show de Cynthia sobrou luz, a cantora que parece a maestro da sua banda, dança, canta, pula e se diverte com todo o romantismo de suas composições, fazendo com que seus fãs a acompanhem o tempo todo com as mãos para o alto. Uma voz marcante com o seu timbre rouco inconfundível, Cynthia começou o seu show às 2h00 da madrugada, mas depois estendeu cantando algumas ao lado de Froid. Ao descer do palco, tirou foto com quem pediu, mesmo cercada de seguranças a pequena fazia questão de fazer o seu caminho até o camarim ser o acessível possível. 

Em entrevista, ela contou que a banda é uma das suas maiores conquistas, já que traz isso desde a infância:

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Trecho da entrevista com Cynthia Luz
A arte Abaixo de Zero

Quem abriu o som do microfone perto da meia-noite foi Black Alien, bem na hora em que nos filmes a carruagem vira abóbora, o artista entrou para apresentar o seu rap encantado e, para quem ainda não havia escutado o seu último disco “Abaixo de Zero – Hello Hell” ao vivo, em cores e em caixa de som, o momento era esperado ansiosamente.

Assim que Black Alien se mostrou para os fãs, mais um personagem em cima do palco também surpreendeu e ganhou a simpatia do público, que além do seu DJ Erick Jay, 35, também chegou o seu parceiro de turnê, o intérprete de língua de sinais, Fabiano Campos, 40, que muito mais do que traduzir uma língua para ampliar a comunicação, dançou, sorriu e o mais importante se divertiu!

Sua pessoa era definitivamente contagiante, onde olhos se dividiam entre o rapper compositor e o artista que fazia com que toda aquela composições de rap se transformassem em novas vibrações que não sejam somente sonoras.

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Após o show, Fabiano conversou com a Rap Dab e contou como surgiu o seu interesse pela arte, a parceria com o Gustavo e que estará também em turnê junto do artista Brasil em 2022:

“Eu fiz uma turnê com ele há 5 anos atrás, foi quando recebi o convite para fazer alguns shows.”

“Ele me chamou ano passado de novo para fazer essa turnê nova o ano todo, vou estar com ele esse ano por alguns lugares do Brasil.”

“Foi assim, eu fiz um show com ele no SESC em São Paulo, a galera dele gostou e ele já curtia essa iniciativa da inclusão e acessibilidade e então ele me fez o convite.”

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Trecho da entrevista com o intérprete de língua de sinais, Fabiano Campos

“Gosto muito de música, quando aprendi libras já fui para o viés de arte, fui me especializando nisso, hoje é legal que muitos artistas estão tendo essa iniciativa e não só as instituições públicas, mas sim, os próprios artistas querem no show, como o Black Alien. É ele quem chamou, ele e a equipe, não é do evento.”

“Faz 22 anos que trabalho com interpretação, com a arte já faz uns 12/14 anos. Uma vez fizemos o Festival João Rock, em Ribeirão Preto,  e tinha um surdo assistindo, e o festival inteiro não tinha intérprete, esse rapaz veio procurar a produção da banda e agradeceu, falou emocionado que foi a primeira vez que ele foi em um show que houvesse essa preocupação para que mostrassem a ele o que estava sendo dito na música.”

“Isso abre portas, as pessoas acabam naturalizando e a gente vê esse público se aproximando dos shows também, porque show e música para todo mundo. Quem não escuta sente vibração e a língua de sinais traz a letras  então a emoção dá para sentir da mesma forma.”

O que se observou deste show, foi um Gustavo que subiu no palco empolgado e um Black Alien que cantou muito feliz, após cantar o sucesso “Aniversário da Sobriedade”, onde há o trecho:

“Vish, meu cumpadi que fase

Me olho no espelho: Mas, Gustavo, o que fazes?

Cadê as letras? Esqueceu da caneta

Fica só cheirando em cima do CD de bases”

Gus toma uma água que estava em cima na mesa do dj, abriu um sorriso e disparou no microfone:

“Avisa que agora quando eu recebo um CD de bases o disco sai em”, dando um sorriso seguido de um pulinho com as mãos para o alto.

A felicidade no palco, as conquistas pessoais divididas com os seus fãs, fazem o show de Black Alien ser o que é, uma das frases mais ouvidas na saída do festival em grupos de amigos eram “Black podia ter ficado mais”, “Black cantou pouco”, “Black poderia ter feito um show maior”.

Black Alien cantou seus grandes sucessos, curtiu com a plateia, mas nunca é o bastante já que as suas músicas, principalmente desse último disco, sempre precisam de próximas palavras para fazer com que haja recuperação do que se ouviu, assim nunca será o bastante para os fãs quando ele sobe em um palco. Sempre irá faltar mais uma, faltar aquela que todo mundo gosta, faltar aquela que emociona, Black Alien é um cantor que está condenado a toda vez em que colocar o pé em um palco, já começar a fazer falta.

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Teve chuva, muitos clássicos do rap, Black Alien, Froid, Cynthia Luz e vários djs regionais.  Depois de tempos afastados, a música volta a unir pessoas que se assemelham pelo o que gostam de ouvir ou de compreender, seja por som, sinais ou qualquer outro LADO B em que a arte queira se apresentar. 

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