“Quando nos tornamos referências, inspiramos outras e vamos tomando a cena”
Moradora do bairro da Penha, em Vitória/Espírito Santo, Gegeo vem há três anos desbravando a cena capixaba como DJ. Em tão pouco tempo de atuação, além de já ter comandado pistas de grandes festas como Bekoo das Pretas, Tarja Preta e Baile Boladona, também dividiu palco com referências dos mais variados segmentos sonoros, dentre eles Baco Exu do Blues, Deekpz, Dj Zeu, Dj Cia, Dj Tamy e Dj Miria. Sua pesquisa musical tem como principal influência o Afrobeat, o Hip Hop e o funk, o qual viaja e bota o pique.
Atualmente, é DJ da rapper Budah, e participou da websérie Made by Queens/This is Bekoo, que registra a jornada do Bekoo Das Pretas de sua primeira edição em 2016, no Beco das Pulgas, no Centro de Vitória, passando pelas últimas edições na quadra da escola de samba MUG no bairro Glória, Vila Velha e as projeções futuras deste movimento. Gegeo que esteve presente desde a primeira edição, bateu um papo com o Rap Dab sobre a importância desse movimento e narrativa construída até aqui.
O episódios foram publicados semanalmente do dia 24 de fevereiro ao dia 7 de abril, e seguem disponíveis no Youtube do Bekoo das Pretas. Além de Gegeo, a série reuniu outras DJs, como a drag Úrsula, da qual Gegeo já foi aluna, além de cantoras, produtoras, e outras profissionais pretas envolvidas na história do evento.
Confira a entrevista completa:
Rap Dab: Como foi seu primeiro contato com o Bekoo das Pretas?
Gegeo: Meu primeiro contato com o Bekoo foi através de um convite pelo Facebook para participar da primeira edição que ocorreu no Beco das Pulgas, na rua, 0800 e resolvi ir. Chegando lá fiquei maravilhada, lógico, porque tinham DJs mulheres, bastante hip Hop a noite toda, roda de dança, bem do jeito que eu gosto. Então a partir daí, passei sempre a frequentar o Bekoo.
Rap Dab: Qual a importância da representatividade de DJs mulheres na cena do Hip Hop no Brasil?
Gegeo: É muito importante a representatividade de mulheres DJs no Hip Hop no Brasil, já que a cena é muito machista. A gente está acostumada a chegar no rolê e ter sempre homens tocando. Eu comecei a curtir em 2002, na época dos bailes funk e sempre via homens tocando, enquanto as mulheres dançavam no bonde. Confesso que também já fiz parte de bondes de dança, mas sempre reparava essa divisão. Passou-se um tempo, veio o Bekoo, comecei a conhecer as DJs mulheres e esse meu desejo de me tornar DJ já existia. Porém, a formação era cara e ninguém queria ensinar. Então a importância vem daí, quando nos tornamos referências, inspiramos outras e vamos tomando a cena.
Rap Dab: Como você vê o movimento Bekoo a partir desse momento de revolução digital e adaptação ao isolamento social?
Gegeo: Eu vejo o Bekoo como “olhos de águia”, então assim como a maioria dos produtores culturais, teve que se adaptar e aprender a fazer no online na marra. O movimento não poderia parar, apesar da situação ter pego todo mundo de surpresa. Antes da websérie, também ocorreram lives, e eu vejo o movimento sempre subindo de degrau em degrau. Depois de um ano de pandemia com a websérie, eu vejo uma importância de outros estados e públicos conhecerem como funciona o trabalho do Bekoo.
Rap Dab: Qual a relevância deste movimento fora do eixo Rio-São Paulo?
Gegeo: A relevância do movimento Bekoo das Pretas tem sido muito grande, estive tocando no eixo Rio-São Paulo e recebi questionamentos de DJs de lá, me perguntando quando iriam tocar ou ser indicadas a tocar no Bekoo.
Rap Dab: Resuma o Bekoo das Pretas em uma emoção
Gegeo: O Bekoo para mim é agitação, comoção, felicidade, afetividade…Entra público, sai público é um movimento que veio para balançar Vitória real!
Confira todos os episódios da websérie no Youtube:
Ficha Técnica – Bekoo Made by Queens
Direção Geral e Criativa: Priscila Gama
Produção Executiva e Direção de Cena: Daniele Borges
Roteiro: Instituto Das Pretas.Org
Design: Georgia Gomes
Fotos/Making Off: Pabluxu
Assessoria de Comunicação: Louisy Carvalho
Elenco: Afari MC, Agatha Alves de Oliveira (Coletivo Jamaicaxias), Cheyenne Cristina (Coletivo Jamaicaxias), Daniele Borges, DJ Afrolai, DJ Fran Alves, Dj Gegeo, Dj Miria Alves, Dj Sista Illuh, Dj Tamy Reis, DJ Thais Apolinario, Dj Úrsula, Ellen Cardoso, Gabriela Assis, Georgia Gomes, Isabelle Cristina da Silva César (Coletivo Jamaicaxias), Junior de Oliveira, Kika Carvalho, Laura de Oliveira, Louisy Carvalho, Luara Monteiro, Mario Cezar Alvarenga, Murilo Neves, Paolla de Araújo, Paulo Carvalho, PH Kbrum (Coletivo Jamaicaxias), Priscila Gama, Romulo Correa, Suellen Cardoso, Vivian Cunha, Luisa de Oliveira Carneiro Aguiar
Apoio: A Oca Bistrô e Ateliê, Casa 7, Escola de samba Novo Império, Escola de Samba Pega no Samba, Espaço Thelema, Golias Discos
Produtora Audiovisual: Molaa
Realização: Instituto Das Pretas.Org
Patrocínio: Budweiser
Ano de Produção: 2021
Classificação: +18ª