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Entrevista com o rapper LEALL: Álbum novo e olhar atento

Canções com o seu olhar: LEALL, hoje, lança seu novo álbum, também possui recente participação no projeto “Os Pitbull do Ano Pt.2”, confira!

Chegou nas plataformas digitais, dia 15 de janeiro, a continuação do projeto “Os Pitbull do Ano” [canal da KOPO], um dos artistas que possui participação no lançamento é o rapper LEALL, hoje, nesta segunda-feira, o artista também solta o seu disco com as produções que vem trabalhando nos últimos meses. Ele falou com o Portal Rap Dab sobre a sua carreira e inspirações para o mundo da música.

Para ser leal ao som do rap é necessário um olhar constante no dia a dia das pessoas, no processo do mundo e de vários resultados que constroem os artistas, colocando em evidência se você realmente representa o que você diz.

Recentemente, nomes conhecidos – e já consagrados – do meio do rap ficaram ainda mais em notoriedade, sendo pautados pela incoerência em suas atitudes em comparação ao que se prega em suas letras, não é necessário citar nomes, mas se você conhece um dos reality shows mais famosos do país, já sabe de quem estamos falando.

O que estamos vendo é que, às vezes, a arte pode mascarar e nos iludir, isso pode assustar, mas essa é a magia de quem tem a sensibilidade para criar produtos que modificam a cena, influenciam e ficam para história.

LEALL NA ARTE

A pergunta que fica é: O que é a realidade da mídia e qual é a realidade da vida?

Onde essa linha cruza para os artistas musicais do rap? Logo que, já são mal vistos no mercado sonoro e por parte da sociedade, sofrendo preconceito pelo gênero musical que representam.

Alguns sons carregam um grande peso porque seus artistas optaram por falar de sonhos, de futuro e de otimismo, assim a cobrança será bem maior, mas existem artistas que fazem o seu nome cravando os pés no presente, falando das dores da realidade e mostrando que nem sempre a vida é tão bonita quanto a gente gostaria.

Arthur de Jesus Leal, 19 anos, nascido e criado no Rio de Janeiro.

“Nascido e criado no Rio de Janeiro” já pode ser a abertura para essa entrevista com um dos rappers que escancara em suas letras as dores, amores, vivencias e sonhos, mas o seu diferencial é: Leall é leal com o seu olhar.

AS LETRAS E AS VIVÊNCIAS

O rapaz que expõe em suas letras nitidamente do que sente raiva, deixa em aberto o seu desejo de consumo por marcas apenas para ostentar e não porque precisa, coloca o seu desejo por olhares femininos, também declara abertamente tudo o que assistiu da violência ao seu redor e junto disso, faz referências as cicatrizes que dela carrega.

Arthur, conhecido na cena como LEALL, se mostra e se deixa vulnerável assim que escreve a sua letra, mas principalmente, quando a lance em todas as plataformas digitais. Essa talvez seja uma boa fórmula de escrever e não se tornar escravo do que que diz.

E é assim que o recente lançamento de LEALL, “Os Pitbull do Ano Pt.2”, com a parceria de Major RD e Baviera chegou ao mercado, apresentando os heróis que choram, sangram e que em suas letras até deixam a vontade que possuem de errar. Também não colocam em suas produções que existe uma esperança de salvação para as fatos, principalmente com esse governo que nos faz presente.

Fica a questão: Estão faltando anti-heróis no rap?

“Vocês vão presenciar os pitbull rosnando”

LEALL E OS PITBULL DO ANO

“Os Pitbull do Ano Pt.2” foi lançado, sem coleira e sem portão para segurar, o clipe manda recados sutis que até a letra, certas vezes, não consegue pegar. Cenas como pássaros voando dentro da gaiola, LEALL convocando a sua “quadrilha”, onde um dos convocados é uma criança dançante, vestida com um uniforme escolar – seria a sua armadura? -, artistas cantando embaixo de um Jesus crucificado… são muitos recados, não sobre onde eles querem chegar, mas sim dizendo que eles enxergam bem ao seu redor, fazendo questão de evidenciar na música, e no clipe, o desespero da sua periferia.

A música de Leall, e cito aqui também um de seus sucessos “Criminal Influencer”, fala do presente, de urgência: ME OLHA AGORA.

A arte de LEALL não tem amanhã, não tem ontem… as cicatrizes que formam as letras, assim que vão para o papel se fazem tão atuais que o rap vira um documentário, uma produção que não se compromete com os sonhos de meninos e meninas, mas sim com informar e levar os olhos da mídia para lugares que são esquecidos e, tudo isso, sai da boca de um rapaz de 19 anos, mesmo que ainda que tenha vivido poucos anos, exibe que já foi o suficiente para enxergar o que precisa ser mostrado.  

LEALL PARA O PORTAL

Em entrevista para o Portal Rap Dab, o artista comenta que seguiu um certo padrão de sonhos dos meninos dos subúrbios brasileiros, também já quis ser jogador de futebol, mas logo à música começou a tocar em sua porta. Ele não teve o apoio familiar no início dos trabalhos artísticos, mas como ele mesmo disse “depois que a música chegou na minha vida, ela se tornou o centro de tudo pra mim”, comenta.

Sobre o processo criativo na hora de escrever as suas letras o rapper diz não ter regras na escrita:

“Meu processo criativo é espontâneo, não tenho nenhuma rotina pra começar a escrever, geralmente envolve tudo que acontece ao meu redor e fica no subconsciente, no momento que eu paro para escrever, essas coisas saem naturalmente”, diz LEALL.

“Acho que o que diferencia um artista dos outros é atenção que ela dá pra sua própria arte. Eu tento dar o máximo de atenção pra minhas músicas, não só quando eu falo sobre violência.” (LEALL)

Com algumas produções já conhecidas, visualizações crescendo em suas canções no YouTube, ter 19 anos e viver tudo o que já conquistou parece ser o bastante, mas leal informa: “Quero poder ter liberdade pra criar, ser compreendido pelo público e ficar rico.”

LEALL NO RAP

Sobre o gênero musical que se encontra, o rapper comenta que isso não precisa ser estático e definitivo, procura tirar algo bom de todos os gêneros que escuta.

“Na música não existe limites, talvez num futuro próximo eu faça um funk, um samba, um jazz, até sertanejo, desde que seja música boa e feito com prazer.”

O artista cita a sua vontade de fazer um feat com Jorge Bem Jor. Um consagrado brasileiro com sucessos como: País Tropical, Mas Que Nada e Chove Chuva, entre vários outros clássicos.

Pedigree: Genealogia de um animal de raça. (origem da palavra pedigree). Do inglês. Atestado que garante que um certo animal seja de determinada raça. A sua linha de sangue e o nome do criador.

LEALL expressa sobre a ajuda que as redes socias dão para os artistas se projetarem no mercado, já que a plataforma de divulgação está democratizada para todos. “Lançar” os sons na mídia está mais fácil, mas ele também diz que sente falta de identidade nos artistas, vendo copias e mais copias…. isso não faz nada bem para a cena do rap, “Acho que a molecada que quer fazer música, tem que estudar e encontrar a sua própria identidade, se não a cena fica monótona”, comenta LEALL.

Buscar referências diferentes e beat diferente é o que diz fazer LEALL, seu clipe novo “Os Pitbull do ano Pt.2”, teve as gravações produzidas em diferentes espaços, cada rapper fez a sua participação filmando em seu bairro. O que traz mais conhecimento para o público, mostrar o que cada artista enxerga ao seu redor, um pouco da sua rotina, assim podemos entender um pouco mais o porquê de certas visões colocadas em seu trabalho.

“Existe milhares dentro e fora da música, vou citar 3 referências do rap: Notorious Big, Nas e Mano Brown.” (LEALL)

Uma das grandes vontades do momento, não só do Leall, mas de todos os artistas é a saudade dos palcos e a vontade de fazer show. Para Leall, em sua carreira, o impacto inicial foi o seu primeiro show, do qual ele garantiu um cachê do mesmo valor que recebia em seu antigo emprego “Me senti feliz e realizado”, diz o artista.

Hoje, dia 1 de março, LEALL lança o seu novo disco “Esculpido à Machado”, carregando 12 músicas no estilo LEALL e com o olhar leal que já conhecemos. Essa é mais uma das suas concretizações na carreira, da qual ele cuida com toda a atenção, assim como o que ocorre em sua volta e depois sai em formato de letra no papel.

O rap apresenta nomes todos os anos, a internet e o mercado da notoriedade para alguns que são bons ou que recebem um apoio financeiro para se alavancar…

Mas para se fixar dentro desse gênero [que antes de você dar a cara, você já leva um tapa] tem que soltar os cachorros… Tem que ter pedigree, tem que ser leal ao que se prega, leal ao que faz. Tem que ser LEALL.

Confira o clipe de “Os Pitbull do Ano Pt.2”:

Ficha Técnica

Música Cantores e compositores: LEALL, Major RD e Baviera

Produção Musical, mixagem e masterização: Malive

Capa: Raideno

Produção Executiva: Rodrigo Lemos

Clipe Direção: Bruno Veronezi e Rodrigo Lemos

Fotografia e Edição: Bruno Veronezi

Produção Executiva: Rodrigo Lemos

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Ana Carla Dias

Jornalismo e Direção de Arte

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