Entrevista Exclusiva: Flacko comenta sobre álbum de estreia com Sidoka, Skyfetão, Borges, Thoney e mais

Com 16 faixas, o rapper Flacko lançou o primeiro álbum de sua carreira e trocou uma ideia exclusiva com o nosso portal, sobre o lançamento.

Na sexta-feira (18) de dezembro, saiu “Filho Pródigo”, primeiro álbum da carreira do rapper carioca Flacko. O artista é um dos maiores nomes do trap nacional e referência para inúmeros talentos. Nascido e criado no Complexo do Alemão, atuou como DJ e em 2017 passou a produzir beats. Desde então, tomando como exemplo os artistas que estavam ao seu lado, Flacko começa a escrever e trazer para as suas composições, a realidade que via e vivia.

O artista exclusivo da Blakkstar Entretenimento, trocou uma ideia com o nosso Portal, sobre o seu lançamento atual. O MC lançou seu primeiro single “Americano”, em janeiro de 2020, no canal da BlakkClout e já conta com 6 milhões de visualizações só no YouTube. Além de outros trabalhos e parcerias, como “AK Do Flamengo” com o rapper Borges, somando 40 milhões de visualizações em menos de 1 ano. 

O álbum “Filho Pródigo” fala sobre sua trajetória, vivências cotidianas, reflexões sociais, diversão e a realidade da favela. Sobre a musicalidade do álbum, buscando trazer mais originalidade pra cena, Flacko opta pela estética frenética do Drill, trazendo grandes nomes como Sidoka, Borges, Thoney, MC Igu, Thxuzz, Cinquenta, LEALL, entre outros. O título e a temática de cada faixa foram pensados para se encaixarem como capítulos de um livro, transitando entre o passado, o presente e o meio ao seu redor.

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O álbum já possui 3 videoclipes lançados. O “Ai Calica” com 1,2 milhões de visualizações em 3 meses, e “155” feat. Cinquenta, com mais de 1.3 milhões em 2 meses. Recentemente, o artista estreou a última faixa de 2020, “Ódio Puro da Polícia”, apresentando números que crescem exponencialmente.

Flacko se diferencia pelo jeito único de cantar, mudando a entonação das palavras e criando uma forma própria de escrever e versar músicas, com beats explosivos e graves marcantes. Veja abaixo a troca de ideia exclusiva com o artista carioca:

Foto: Matheus R.

Flacko porque você escolheu o nome Filho PRÓDIGO para o primeiro álbum de sua carreira?

“Como eu costumo fazer minhas fita interligadas com o que eu vivo, com o que eu vejo também.. Filho Pródigo nada mais nada menos significa explica o termo da bíblia, o filho que antes só fazia rebeldia, que só dava desgosto pra família.. ai do nada ele deu a volta por cima e reconciliou com a familia e só da orgulho para ela.. esse é a principal essência do nome do disco”, comentou o artista.

As faixas do álbum foram escritas e gravadas durante a quarentena? Qual foi a maior dificuldade da construção?

“Então teve três músicas que já estavam escritas antes da pandemia, claro que demos uma lapidada antes de soltar na pista; mas tinha algumas músicas já escritas há algum tempo.

Este momento te inspirou ou te bloqueu no processo criativo?

“Fiquei muito chateado meu mano, mas fazer o que, aconteceu e nois não podia fazer nada. Estávamos no início do boom da nossa carreira, fazendo shows, viajando.. mas ai chegou essa onda do corona vírus e acabou travando tudo”

“Vou dar uma escala para vocês, de 0 a 100%, a quantia que a quarentena me ajudou na composição, foi de 200%, tá ligado? Eu subi de nível, pelo que eu vi e acompanho dos meus trabalhos. Estou evoluindo muito, papo reto. Essa quarentena me fez ver tudo que eu tinha guardado e precisava botar pra fora.”
Foto: Matheus R.

Qual foi a maior inspiração para você compor neste ano, após o boom do final de 2019?

“Tenho várias inspirações… eu tive a coragem de botar a cara a tapa pra fazer os meus bagulhos, mas também contei com a ajuda muito dos meus parceiros, que me incentivaram. E teve uma época que quis até dar um tempo de música, porque não estava indo para frente, não estava sendo rentável. Mas ai pensei legal e conseguir focar forte na minha carreira.”

A Primeira participação do álbum foi com o Thoney da faixa Gold, essa faixa esta gravada há 7,8 meses mano.. tem até prévia no Youtube, que quando postei uns trecho, os cara repostaram e botaram fé naquela faixa.

Este é o melhor momento da carreira de Flacko, apesar do momento atual da pandemia?

“Eu estou vivendo, mas não estou vivendo né mano? O que está pra vir só Deus sabe menor, a gente não consegue ter noção do que está vindo lá na frente. Mas tô vivendo uma fase muito boa irmão, antes eu não fazia nada, só fumava maconha e andava de skate… não fazia quase nada.. já hoje eu consigo fazer meu som, ganhar dinheiro com isso. Assim posso ajudar minha família e meus parceiro que tá na necessidade. Esse é o lado bom que está acontecendo comigo, tá ligado? Porque eles sempre estavam ai desde o início, apesar de minha família me apoiar na carreira musical, mas não incentivar, sempre estiveram do meu lado.”

Primeira música foi lançada em 2018, para quem não sabe, o produtor e rapper Flacko começou como DJ a sua carreira na música… com um virtual estúdio, instalado em notebook na sua casa, começou a baixar inúmeras músicas e tentar fuçar nas configurações de tudo. “Teve uma hora que eu falei mano, vou começar a mostrar para os outros que eu sei fazer isso… foi ai que joguei lá no Facebook um dos meus Sets“. Através de comentários positivos dos seguidores, o DJ Flacko na época comentou que o retorno foi parte essencial para a sua continuidade:

“Se eu lançasse os primeiros trampos e a galera dissesse que não estava maneiro, eu não ia seguir na carreira mano… mas como eu tive um retorno positivo, decidi continuar com as parada e meter a cara.”

Flacko comentou como foi trabalhar na faixa “De Angola “, à convite do mestre Edi Rock, um dos criadores do Racionais Mc’s?

“Não vou mentir pra tu, me emocionei mano… com 10 anos de idade eu já ouvia os cara, já ouvia Racionais…tá ligado? foi um prazer enorme o Edi Rock me chamar para participar do álbum dele. Fiquei tipo não tô acreditando mano, mas foi muito foda mano, papo reto. Eu me amarro no Edi Rock como pessoa e também como artista, ele é o cara.”

Por conta de ambos os artistas estarem produzindo, os seus respectivos álbuns no mesmo período e por conta da pandemia, a faixa precisou ser gravada a distância, em estúdios diferentes. Mas nada que impediu Flacko e Edi Rock de trocarem energia em chamada de vídeo e se conhecerem através de reflexões, fumaças e muitas ideias.

Apesar de não curtir fazer música com pessoas que não tem intimidade, o convite de Edi Rock fez o artista Flacko aceitar de forma imediata a colaboração, após alinhar ideias e conversarem sobre a composição. O Mc comentou “fiz a letra meio que na pressa, tá ligado?, queria entregar as minhas linhas o quanto antes. E dei até um salve no CHF, meu parceiro que produziu a maioria das faixas do meu álbum. Por conta da correria sabia que ele não ia enviar um beat na hora, então falei pra ele: Mano o feat é com o Edi Rock… ele falou: O que? Caralh*, calma ai, tô mandando agora mano”.

Teve alguém que te ajudou durante o processo de produção do disco?

A composição do álbum foi feita somente por Flacko, mandando para seus amigos avaliares e mandarem o feedback. “Eu e os amigo gostamos de trabalhar na sinceridade mano, se tiver ruim, vai tá ruim, se tiver bom, vai estar bom”“neste álbum eu assinei um beat só, por conta da correria e de tudo que estava acontecendo durante o processo do disco”.

Foram cercas de 7 meses trabalhando no disco, Flacko comenta que misturou várias ritmos dentro do projeto “Plug, Club, Salsa, Drill e R&B“, com o intuito de entregar o trabalho da forma mais completa possível. Comentando também que as suas maiores inspirações para compor, foram os seus amigos e as vivências do dia a dia, “tanto de coisas boas, quanto de coisas ruins”.

A música em que o artista mais se identificou e que tocou quando a ouviu finalizada, foi a faixa cinco do álbum, “Que Eu Vivo“, dizendo que apesar de gostar de gravar as suas faixas em freestyle, neste primeiro álbum de sua carreira, preferiu trazer letras escritas. Sobre o processo da faixa, Flacko comentou:

“Nessa música eu falo de um assunto meio deprimente. Eu perdi um parceiro meu, meio que a troco de nada, tá ligado? O mano trabalhava na Lan House… foi na padaria perto das 9/10h da manhã, pra comprar pão e café para começar mais um dia, trampando pelo certo lá na Lan House… porém o menor não sabia que estava rolando operação no morro naquele dia e foi confundido pela polícia a troco de nada. O menor perdeu a vida á troco de nada, de nada mano”.

Gravação de “Filho Pródigo” – Foto: Matheus R.
Flacko comentou sobre a participação de Borges, “ele demorou 5 meses para gravar a música”

Sobre a música que carrega o nome do álbum ‘Filho Pródigo’, Flacko comentou que o mano Borges demorou cerca de meses até enviar a letra da faixa. Além do microfone que os manos gravavam ter quebrado; o rapper Flacko fez o convite ao Borges após gravar em estúdio separado ao do artista, comentando “escreve essa ai mano, para o meu álbum“, demorando umas duas semanas para canetar a letra.

Flacko: Adivinha quanto tempo demorou de diferença, para o Borges ir gravar a música no estúdio, após eu gravar a minha parte?” Rap Dab: Cerca de 1 ou 2 meses mano? – “Flacko: 5 meses irmão, quase meio ano (risadas).” O artista disse também que o motivo da demora de Borges, foi por conta da agenda do rapper, que após mudar de estúdio, ficando ainda mais distante para gravar músicas juntos, ele estava vivendo outros momentos da carreira e com isso, Flacko aguardou o melhor momento para seu parceiro Borges, gravar a música para o seu primeiro álbum.

“Gosto muito de ser sincero nas fitas que eu faço, é uma das paradas que eu preservo. Se você fez o errado, admite, se fez certo, diz que fez isso também… gosto de fazer tudo pelo certo”.

Gravação do videoclipe “Filho Pródigo” – Foto: Matheus R.

Para finalizar nós perguntamos ao Flacko, três nomes de artistas brasileiros em que ele gostaria de fazer uma música, para poder dizer, “minha carreira foi completa, minha carreira musical foi boa”.

“São três nomes né? Borges, Dom Laike e MD. – ‘Rap Dab: No mesmo som com todo mundo junto?’ – Pode ser, ou separado em brisas diferentes. Tipo, mano não tem como eu falar que quero fazer com Djonga, porque eu não tenho vivência com o cara, tá ligado? (…) com Dom Laike e MD, quando eu não tinha estúdio, os cara não sabia quem eu era, ou minha índole, se eu roubava ou matava… os cara fez simplesmente isso, me abraçou tá ligado?.

Os cara dizia: ‘mano tu é muito bom, porque você tá assim, porque ninguém viu os seu talento ainda?‘, os menor me abraçou firme quando eu não tinha estúdio, não tinha nem celular, nem tênis e roupa direito.. os menor me abraçou no estúdio, falando pode vir todo o dia ai, quando tu quiser gravar, o estúdio tá aberto pra você e foi isso que me motivou pra continuar na carreira. Sou eternamente grato aos menor e vou levar eles comigo aonde eu for”, completa.

Enfim, com muita vivência e papo de realidade o rapper Flacko liberou o álbum completo no dia 18 de dezembro, confira abaixo ao videoclipe com Borges, Filho Pródigo‘:

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