O rapper carioca Guiu, uma das promessas do cenário do rap nacional, lançou na última sexta-feira, dia 11, a faixa “Bota a Cara” em parceria com l7nnon. Esse som vem após um momento muito especial para o artista, que ganhou destaque após o lançamento da música Racista e N1ke, um feat com Dk-47, um dos maiores nomes do rap brasileiro na atualidade. Mas quem conhece o Guiu agora, não faz ideia de sua história na música.
Tudo começou em meados de 2009. O pequeno Guilherme, influenciado pelo seu primo Tiago CJ, começou a rimar em batalhas. Tempos depois, já inserido no mundo do hip hop, resolveu se arriscar no street dance. Mc e dançarino, a consciência e a revolta contra o sistema opressor já ardia em chamas dentro dele.
Tempos depois, nas idas e vindas da vida, Guiu escolheu dar um tempo nos ‘corres’ do rap para focar nos estudos e buscar novas possibilidades na vida. Mas sempre escrevendo e compondo. Nos desafios do dia a dia, as linhas surgiam como forma de escape para sua realidade. Na época, o artista não fazia ideia da riqueza presente nas folhas de seu caderno. Ele ainda conta que não tinha coragem de mostrar suas letras para ninguém.
Vencendo a timidez
Era fato que a arte estava fincada em seu peito. O jovem ‘cria’ de Teresópolis não ia conseguir ficar muito tempo longe desse ambiente. Então, com o incentivo de alguns amigos, o poeta resolveu voltar as rodas de rima e passou a frequentar saraus. Para Guiu, os encontros culturais foram de extrema importância na sua vida, já que ajudaram a combater sua timidez e o deixou confortável para ser ele mesmo enquanto artista. Foram nessas ocasiões que o mc aprendeu a lidar com o público.
De volta as batalhas de rima, e agora membro do grupo de rap Sentido Oposto, Guiu estava decidido a se aventurar na carreira musical. Além disso, o mc ainda deu mais um passo importante para sua carreira. Ele fundou um coletivo de atitude negra chamado Afronasa. O grupo aborda pautas envolvendo a comunidade afro brasileira.
Primeiro contrato assinado
Agora, já no ano de 2020, Guiu assinou seu primeiro contrato artístico profissional com a Isso Que é Som de Rap, gravadora do seu produtor musical Terror dos Beats. Isso trouxe perspectiva e esperança para a jovem promessa que nunca pensou que viveria de música. “Hoje, a música é prioridade em minha vida”, completa o rapper.
Defensor do rap de consciência, preto e periférico, o mc traz em suas composições questões de extrema importância e impacto social.
“Tamo rimando pra fugir da boca e dos cara da blazer (carro utilizado como viatura policial). Eles de mira laser tão me mirando, tenho a cor do Blade (personagem negro de um filme de ação) deve ser por isso que eles tão atirando.”
Nesse trecho de Racista e N1ke o músico mostra sua revolta e a constante luta travada contra o racismo estrutural evidenciado pela violência da policia. Contudo, trazendo sempre a sua autenticidade nas construções.
Na arte não existe a obrigação de tratar temas como esse, afinal de contas um favelado fazendo música já é uma mensagem. Mas Guiu sabe a importância de empoderar quem não tem privilégios. O rap, além de tudo, é uma ferramenta para combater problemas sociais e tem a função de motivar jovens das periferias de todo o Brasil. O gênero ainda dá autoestima e oportunidade de expressar sentimentos, conta o rapper.
Referências do rapper Guiu
Na carreira, é essencial a qualquer artista ter boas referências. Para a revelação do rap nacional não é diferente. Perguntado sobre suas influências na música ele respondeu:
“Mano, minhas referências nem são famosas”
A resposta surpreende, mas faz total sentido. Tiago CJ, Drope e Tio Thulio são músicos e responsáveis por ajudar Guiu a ser quem é hoje. Além do fato de serem amigos próximos do rapper. Apesar de pouco conhecidos, essas pessoas foram extremamente importantes para o rapper. “Eles me mostraram que eu tinha talento”, completou.
Amante do bom rap, independente da vertente, o mc avalia o cenário musical propício a novas experiências. E são suas experiências que tornam Guiu tão promissor. Além de compor, ele ainda participa nas produções musicais dos seus sons e roteiriza os clipes. Os clipes, particularmente, são obras que beiram a linguagem cinematográfica. Materiais com qualidade técnica e pensados certamente nos mínimos detalhes.
Pensando sempre na representatividade, Guiu comenta que grande parte dos seus clipes são idealizados e produzidos por ele mesmo. Antes do reconhecimento na cena, o artista não tinha muito suporte para produzir, e mesmo assim dava ‘aulas’ no audiovisual. Agora, com o auxílio de sua gravadora e de parceiros da cena, ninguém o segura. “Quero melhorar ainda mais seus trampos”, complementa.
Próximos lançamentos da jovem promessa
Segundo o rapper, sons com algumas parcerias já estão prontos para serem lançados. Nomes como Black, Da Paz, Mazin, Philipe Tangi e Big Jow, estarão nas próximas músicas do mc. Esses feats têm tudo para renderem bons frutos para a carreira da jovem promessa.
Apesar do momento conturbado por conta do coronavírus, Guiu comenta que tem aprendido lidar com o momento, mas o plano para depois da pandemia é trabalhar o dobro. De passo em passo, com os pés no chão, o rapper vai ganhando espaço no cenário do rap nacional. Alguma dúvida que esse mano pode ir ainda mais longe?
“No escravo de jó, ta faltando um cria Bandeira do brasa, uma mancha de sangue Os meus tão morrendo sem nem ser bandido E os playboy fudido mentindo ser gang“, canta Guiu em trecho. | |
Enfim, confira alguns dos últimos lançamentos do artista:
Dessa forma, LEIA MAIS:
- Rare Kidd lança vídeo clipe de “POTENCIAL”, faixa da sua última Mixtape lançada
- Grupo 3030 lança clipe da faixa “Tempo de Se Amar”, com part. da Aline Riscado
- Matuê se torna o artista brasileiro com maior estreia Spotify, quebrando recorde de Anitta
- Delacruz apresenta projeto “SHOWCASE” e faz primeiro show em formato drive-in
- 12 Perguntas com Mikezin – Tudo sobre o EP “O Escolhido”, carreira, BDA, influências e mais…