O território demarcado por rostos masculinos, agora, tem um nome soando nas cornetas dos bailes da periferia. Para os mais íntimos, Fernanda Adrielli, 21, mais conhecida como MC Dricka, vem chegando com tudo nos fluxos com a voz marcada nas caixas de som; através do proibidão reconhecido.
Vinda da Zona Norte de São Paulo, com uma vida sem privilégios, ela teve que empurrar goela abaixo as suas letras de funk em um cenário ainda dominado por homens. Não é atoa que explodiu, em 2019, com o sucesso “Empurra Que Eu Sou P***” em parceria com o DJ Will DF.
Acumulando milhões de views em seu canal no Youtube, visualização já não é mais um de seus problemas, até porque, visibilidade no assunto que ela traz é algo que ainda falta no mercado musical. Uma mulher preta, da favela, lésbica e que aborda sobre a liberdade sexual e ostentação de dinheiro – também de alguns entorpecentes -, tudo o que é muito comum em letras de rappers e trappers brasileiros.
Dessa forma que a explosão da sua letra a colocou no topo dos principais hits nos bailes de São Paulo, meses depois, ela estreou mais um sucesso que fala do estereótipo masculino que chama atenção no fluxo, o cara que está “de 38 carregado, torrando um baseado”, com o beat orquestrado pela DJ Ray Lais. Primordialmente as duas mostraram bem a realidade dos bailes, sem medo de esbarrar no clichê ou de ser posta contra parede por qualquer moralismo. A DJ começou fazendo montagens de músicas que estouraram nos bailes de Belo Horizonte.
Hoje, MC Dricka possui o apelido de “rainha dos fluxos”, já que não há mais baile sem que toque pelo menos 3 músicas do seu repertório.
O funk garante grandes nomes femininos nas paradas de sucesso, porém, o proibidão ainda tem que abrir muito espaço para artistas mulheres. Como Valesca Popozuda e Tati Quebra-Barraco, ambas consagradas nesse meio, retratando a realidade de suas comunidades e falando o que pensa nas suas produções. Assim sendo essenciais para a construção dessa imagem perante a mídia.
Aparentemente, MC Dricka veio para ficar e já mostra que é no fluxo “proibidão” onde quer primeiramente cravar o seu nome.
De fato com a agenda lotada de shows, as necessidades que tiravam o seu sono sumiram, e oportunidades de feat, como por exemplo, em ‘Mexe Com Meu Macho’, junto do MC Rick, apareceram. Seu mais recente sucesso “E Nós Tem Um Charme Que é Dahora” já passa dos 44 milhões de visualizações em 2 meses.
Na música ‘De 38 Carregado’ a DJ Ray Lais usa de uma gravação, onde um rapaz debocha das suas produções dizendo “[…] essa muié aí nem produz, só coloca o nome na música e compra a música”, a resposta veio engatilhada no 38 e a música só mostra cada vez mais que está sendo comprada é pelo público.
Pelo visto, os bailes possuem uma nova rainha na pista, mostrando seu charme que é “Dahora”. Enfim, assista abaixo o vídeo clipe “De 38 Carregado”:
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