De Racionais a Emicida, o hip hop salva vidas!
A quem vê o hip hop apenas como música, mas não, não é só isso. Dentre as diversas coisas, o hip hop é skate, grafite, dança, arte na sua essência
Passam-se os anos e o preconceito não dai de volta da cultura hip hop. Frases que vão de “música de bandido”, nos primórdios do movimento no Brasil a “apologia ao crime” na atualidade, a linguagem ficou mais polida, mas o preconceito ainda é gritante.
Racionais como fonte de estudos
Uma faculdade anos atrás colocou o álbum Sobrevivendo no Inferno, dos Racionais como um dos conteúdos para o vestibular, e pronto, isso causou um alvoroço. Um dos vídeos de maior repercussão sobre isso foi o do Mamãe Falei, onde sem puder e nem critica tentou dizer que aquilo não deveria estar lá por que era coisa que apoiava a criminalidade. Vendo o vídeo logo de cara sabia que ele não escutou as músicas por inteiro, ou não soube interpretá-las.
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Emicida no Roda Viva
Emicida participou do programa Roda Viva, da TV Cultura na última segunda-feira (27), entre as perguntas uma que todo fã de rap saberia que seria feita, “o rap faz apologia a criminalidade?”… Emicida, empresário, nerd, fala japonês, tem álbum sobre a periferia e saúde mental. O cara é a síntese de que o rap salva vidas, tira crianças da criminalidade e da acesso a outras coisas, como cultura. A quem vê o hip hop apenas como música, mas não, não é só isso. Dentre as diversas coisas, o hip hop é skate, grafite, dança, arte na sua essência.
A resposta do Emicida foi: “Desde quando narrar uma determinada situação que está vinculada ao crime faz de você um apologista dessa situação? E se isso faz de você um apologista daquela situação, então você tem que começar a pegar o Datena, que faz isso todo dia na televisão”, disse.
Talvez a mídia ainda não entendeu, mas o rap e o jornalismo tem muita coisa em comum, entre elas, o relato dos fatos. O rap é cantar o que vive. Olhem a discografia do Emicida e verá que no inicio ele estava querendo não passar fome, hoje o interesse dele é mais na saúde mental, que sim ainda é tabu nas favelas do Brasil.
Não sei se foi dessa vez, mas já passou da hora das pessoas entenderem que o hip hop/rap tenta tirar as crianças da criminalidade, não as empurra para lá.