Exclusivo: Look Cem lança um grito de liberdade com “Preto” + ENTREVISTA

"Não vejo nem americanos, nem europeus, nem ninguém mostrando tanta solidariedade quando o sangue derramado é africano."

O artista angolano Look Cem que hoje em dia reside em Portugal, traz linhas fortes em forma de desabafo em seu novo lançamento “Preto”. Refletindo amplamente sobre a situação atual do mundo e os protestos anti fascismo e racismo, abrange seus conhecimentos nas suas construções e busca se consolidar na cena brasileira.

Trabalhando de forma independente como músico, produtor de conteúdo, youtuber e rapper, Sebastião não exita em ter um contato mais próximo com seus fãs, criando um contato exclusivo no whatsapp para trocar ideia com o público. Dessa forma busca ajudar pessoas que sofrem de depressão ou ansiedade com suas canções e interações diárias, sendo um dos grandes propósitos do artista.

Algumas músicas de destaque de Look Cem, são: “Fatos Desconhecidos Sobre a África”, “Homicide ‘Remix’ – Logic ft Eminem”, “This Is Angola – Remix” e “Haters” lançada há três semanas. – Todas as composições foram próprias e com muita autenticidade. Conheça mais sobre o artista!

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Inspirações, sentimento e processo de produção

Para entendermos melhor o intuito do seu lançamento “Preto“, trocamos uma ideia com o artista afim de ampliar o conhecimento sobre suas linhas. Dessa forma perguntamos ao rapper, qual foi a sua inspiração para compor está música.

“Eu nasci negro, sempre fui negro e como negro, já passei por muita coisa e tudo isso estava entalado dentro de mim; e eu nunca tinha posto para fora. Agora que o mundo está numa onda de luta pela igualdade, eu decidi dar o meu parecer sobre o assunto e a minha contribuição nessa causa”, indagou o artista angolano.

Refletindo que na maioria de seus projetos, Look Cem busca resgatar parte de sua essência, administrando suas emoções e muitas das vezes remediando em retratar certas situações. Nesta música decidiu desabafar de forma completa sobre tudo que estava engasgado. Assim perguntamos à ele sobre o processo e tempo de finalização do som.

“Meu produtor fez o instrumental em dois dias, escrevi a letra enquanto ele concluía o beat e seus encaixes. A canção toda foi finalizada em dois dias. Eu simplesmente transformei em rimas e melodias um pouco do que já vi, ouvi e vivi. – (Digo um pouco, porque ainda tem mais!). – Em todos os meus lançamentos têm sempre pessoas envolvidas para assegurar que tudo ocorra bem. No single PRETO, foi o meu empresário, Óscar Rodrigues, o meu produtor @andrinhobeatz, @henriqueniuca, @brunodecastro_cs, @elserlukeny, @indira.marisa e como sempre, o CEO do Rap Dab, @mateusrapdab.”

Sentimentos do áudio visual do clipe “Preto”

Perguntamos a ele sobre todo sentimento envolvido no projeto. Mas também sobre seu áudio visual, qual sensação ele quis causar?

“Eu levaria muito tempo para explicar toda a ideia e referências, mas aqui vão algumas: No vídeo eu apareço de tronco nu, é assim que os escravos andavam. Muitos de nós ainda sofremos como escravos e ainda temos pensamentos que nos aprisionam como se fossemos escravos. – A cor preta no fundo demonstra solidão e morte. Não somente a física. Nós podemos estar vivos mas com a alma morta, com a esperança morta, com a paz interior morta – Quanto a raiva enquanto rimava, aquilo não foi somente para encenar, é realmente como eu me sinto diante das coisas que abordei na música. A diferença é que normalmente guardo essas coisas para mim.”

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Protestos anti racismo no mundo e assassinato de George Floyd

Procurando entender mais sobre suas experiências e ideias, perguntamos como foi receber a notícia do assassinato de mais um preto nas mãos de um branco e qual sentimento isso lhe causou;

“Eu lamento o fato de um ser humano ter perdido a vida. Mas lamento ainda mais porque esse tipo de coisas, na África, acontece em muito mais quantidade e eu não vejo essa reação das pessoas. Não vejo nem americanos, nem europeus, nem ninguém mostrando tanta solidariedade quando o sangue derramado é africano.” Indicando alguns nomes para melhor reflexão: – “Pesquisem por Boko Haram, Joseph Kony, para entenderem sobre o que falo. A Líbia é um país africano que está em guerra desde 2014. Imagina quantas pessoas já morreram, desde 2014 até agora?”

Relatando fatos que certamente muitos dos brasileiros e maioria do planeta não sabe sobre a situação do continente africano, ou que muitos fingem não saber, no caso do sistema mundial de capitalismo.

“A Somália é um país africano que está em guerra desde 2009. Angola é o país com a maior taxa de mortalidade infantil no mundo, morrem mais de 150 mil crianças antes mesmo de chegarem a idade de ir para a escola. – Sobre essas coisas, quem protesta? Quem posta Black Lives Matter? Quem faz manifestação? Por não seremos americanos, nem brancos, não merecemos? Eu não celebro a desgraça de ninguém, mas quem não consegue sentir a dor do meu povo, eu não consigo sentir a sua dor.” E isso não serve somente para estrangeiros e brancos, serve também para africanos e negros porque muitos deles valorizam mais outros povos do que o seu próprio povo.

Deixando suas conclusões sobre suas indagações

Finalizando suas indagações profundas, relatou:

infelizmente a Angola é um exemplo disso, é comum vermos famosos muito sentidos e tristes com acontecimentos fora de Angola, mas quando a dor é do seu próprio povo, grande parte deles perde a voz.Esse tipo de atitude me leva a crer que as pessoas de raça branca e os negros que não tenham nascido em África têm mais importância que os africanos. Mas não são esses mesmos africanos que lutam pelos “direitos iguais”?

Contudo deixando a sua conclusão final sobre o sentido de todas suas linhas: “E só para deixar claro, eu não disse todos os africanos são assim como descrevi, mas é o que vejo da maior parte.”

Enfim com todas essas ideias armazenadas, assistam abaixo o lançamento do rapper Look Cem, Preto!

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